Folha de S. Paulo


Chefe da ONU envia representante para verificar ataque químico na Síria

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ordenou nesta quinta-feira que a alta representante para Assuntos de Desarmamento, Angela Kane, viaje a Damasco para ajudar na investigação da denúncia dos rebeldes sírios sobre um ataque de armas químicas na periferia de Damasco.

A ONU exigiu que a Síria conceda aos seus peritos em armas químicas acesso imediato aos subúrbios de Damasco sob controle dos rebeldes, onde gás venenoso aparentemente matou centenas de pessoas a poucos quilômetros do hotel da equipe da ONU.

Segundo a oposição síria, tropas aliadas ao ditador bombardearam quatro cidades da periferia de Damasco com um gás que afeta o sistema nervoso, deixando centenas de mortos. O regime sírio nega a acusação e voltou a dizer que nunca usou armas químicas contra os rebeldes nos dois anos de conflito.

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A denúncia causou forte reação da comunidade internacional, em especial de Paris, Londres e Washington, que apoiam a oposição síria. Outros 34 países pediram investigação do ocorrido. Na noite de quarta (21), o Conselho de Segurança da ONU pediu "clareza" sobre o ataque.

Uma equipe de monitores que está na Síria ainda não recebeu autorização do regime sírio para chegar ao local. O uso de armas químicas foi a condição imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para realizar uma intervenção militar.

Em comunicado, o chefe das Nações Unidas pediu ao regime de Bashar al-Assad que permita a investigação dos inspetores da ONU e que o incidente precisa ser investigado sem demora. Ele voltou a dizer que está preocupado com a denúncia e que entrou em contato com líderes mundiais para falar sobre o assunto.

Dentre os líderes com quem o secretário-geral conversou, está o presidente da França, François Hollande. Segundo a Presidência francesa, o mandatário expressou sua preocupação e a necessidade de comprovar as denúncias. Mais cedo, Paris afirmou que, se confirmado o ataque, seria necessário o uso da força.

FERIDOS

Mais cedo, a alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, pediu que o regime sírio e organizações humanitárias tomem uma providência em relação aos milhares de feridos que foram atingidos por armas químicas.

A representante afirma que tem informações de fontes confiáveis na Síria sobre os feridos no ataque na região de Ghouta, na periferia de Damasco. Ela diz também ter sabido por esses informantes que a área passou por ataques armados antes do uso do agente químico.

Em meio às denúncias do ataque com agentes de destruição em massa, o regime de Bashar al-Assad realizou uma reforma ministerial. Segundo a agência de notícias Sana, foram trocados seis ministros --Economia, Educação Superior, Indústria, Comércio Interior, Turismo e um secretário de Estado que não tinha pasta.


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