Folha de S. Paulo


França defende força na Síria caso ataque químico seja comprovado

A França defendeu nesta quinta-feira o uso de uma força internacional para resolver o conflito na Síria caso sejam comprovadas as denúncias de rebeldes de que o regime de Bashar al-Assad realizou um ataque com armas químicas na madrugada de quarta-feira.

Editoria de Arte/Folhapress

Segundo a oposição síria, tropas aliadas ao ditador bombardearam quatro cidades da periferia de Damasco com um gás que afeta o sistema nervoso, deixando centenas de mortos. O regime sírio nega a acusação e voltou a dizer que nunca usou armas químicas contra os rebeldes nos dois anos de conflito.

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A denúncia causou forte reação da comunidade internacional, em especial de Paris, Londres e Washington, que apoiam a oposição síria. O Conselho de Segurança da ONU pediu "clareza" sobre o ataque.

Uma equipe de monitores que está na Síria ainda não recebeu autorização do regime sírio para chegar ao local. O uso de armas químicas foi a condição imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para realizar uma intervenção militar.

Em entrevista ao canal francês BFM, o chanceler francês, Laurent Fabius, pediu uma reação da comunidade internacional mesmo que não haja uma decisão enérgica do conselho da ONU, que pode ser impedida pela Rússia, aliada do regime sírio.

"Teria de haver uma reação com força na Síria por parte da comunidade internacional, mas não há dúvida sobre o envio de tropas ao terreno".

Nesta quinta, a Alemanha também pediu investigação do incidente. Já a Turquia afirmou que "todos os limites já foram ultrapassados na Síria" e criticou as potências ocidentais por não terem tomado nenhuma ação para impedir a continuidade do conflito, que já deixou mais de 100 mil mortos, segundo a ONU.

IRÃ

O chefe da diplomacia do Irã, Mohammad Javad Zarif, acusou os rebeldes de terem feito o ataque químico. "Se a informação relacionada com o uso de armas químicas é exata, com certeza foram usadas pelos grupos terroristas e outros que renunciaram à fé islâmica, que demonstraram não retroceder ante qualquer crime".

A acusação dos iranianos acontece após a Rússia ter dito na quarta (21) que grupos rebeldes que atuam na área do suposto ataque foram os responsáveis por lançar o foguete com o agente químico. A área é dominada por diversas milícias opositoras, incluindo a Frente al-Nusra, vinculada à rede terrorista Al Qaeda.

Em entrevista à agência de notícias France Presse, integrantes do Exército sírio afirmaram que o uso do gás de destruição em massa seria um suicídio político, visto que era o primeiro dia de trabalho de uma missão da ONU destinada a investigar a aplicação de armas químicas no conflito na Síria.

O grupo de inspetores chegou no domingo (18) a Damasco para avaliar três suspeitas do uso do armamento na periferia de Damasco e na Província de Aleppo. A visita foi autorizada pelo regime sírio após quatro meses de negociações.

Em meio à discussão sobre o suposto ataque, forças de Bashar al-Assad fizeram bombardeios ao leste da capital, área onde teria ocorrido o bombardeio químico, assim como na região de fronteira com o Líbano, onde alguns morteiros caíram em cidades libanesas.


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