Folha de S. Paulo


ONU não exige investigação, mas pede 'clareza' em ataque na Síria

Após uma reunião de emergência na tarde desta quarta-feira (21), o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) não solicitou explicitamente uma investigação, mas afirmou que precisa haver "clareza" sobre o suposto ataque com armas químicas na Síria.

A oposição acusa o regime do ditador Bashar al-Assad de ataques na periferia de Damasco na madrugada de hoje, matando centenas de pessoas que estavam dormindo. Alguns relatos falam em até 1.300 mortos. A ação é negada pelo governo.

"Há uma forte preocupação entre os membros do Conselho sobre as acusações, e uma sensação geral de que precisa haver clareza sobre o que aconteceu, e que a situação deve ser acompanhada de perto", disse a embaixadora argentina na ONU, María Cristina Perceval, após reunião a portas fechadas do conselho, presidido por ela neste mês.

A denúncia acontece três dias após a chegada da missão das Nações Unidas destinada a investigar o uso de armamento químico no país. Os agentes investigam três acusações, feitas pelo regime sírio e a oposição, sobre a aplicação das armas no conflito de mais de dois anos.

A reunião foi convocada a pedido de Estados Unidos, Reino Unido, França --países com poder de veto e aliados dos rebeldes-- além de Luxemburgo e Coreia do Sul. Mais cedo, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se disse chocado com a acusação, e afirmou que os observadores negociavam com Damasco uma vistoria no local.

Diversos países, incluindo EUA, França e Reino Unido, defenderam uma investigação imediata pela equipe que está no país. A Rússia, aliada de Assad, pediu um inquérito "objetivo" e disse que a própria presença da equipe sugere que a responsabilidade não foi das forças do regime.

Segundo a agência Reuters, uma proposta inicial formulada pelo Ocidente, pedindo "urgentemente as medidas necessárias" para que os ataques sejam investigados pela missão, não foi aprovada. Segundo diplomatas, a versão final do documento foi diluída para acomodar objeções de Rússia e China.

ATAQUE

Segundo os opositores, os agentes químicos foram lançados em foguetes, que atingiram as cidades de Ain Tarma, Zamalka e Jobar antes do amanhecer desta quarta. Ativistas colocaram na internet uma série de vídeos e fotos das vítimas, a maioria de mulheres e crianças.

Em um deles, que dizem ter sido gravado no bairro de Kafr Batna, na mesma região, mostra uma sala com quase cem corpos, muitos deles de crianças, mulheres e idosos. A maioria deles aparece pálido, mas sem ferimentos visíveis.

Outros vídeos e fotos mostram médicos tratando pessoas que também não tinham ferimentos aparentes. A natureza, a data e a origem das imagens não puderam ser verificadas de forma independente devido às restrições impostas pelo regime sírio à entrada de jornalistas e organizações internacionais.

Para porta-voz da Chancelaria russa, Alexander Lukashevich, o ataque foi uma provocação da oposição síria devido à presença dos monitores. "Isso é justificado pelo fato de que este ato criminoso é cometido perto de Damasco no mesmo momento em que a missão da ONU está lá".

Mesmo que haja votação de medidas contra a Síria no Conselho de Segurança, a expectativa de aprovação é pequena. A Rússia, aliada de Assad, vetou três resoluções que incluíam punições ao regime sírio desde o início do conflito, em março de 20


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