Folha de S. Paulo


WikiLeaks diz que pena menor de Manning é 'vitória'; veja reações

O site WikiLeaks chamou de vitória estratégica a condenação do soldado Bradley Manning, uma das principais fontes da página comandada pelo australiano Julian Assange. O militar foi condenado a 35 anos de prisão por entregar milhares de documentos do governo americano ao portal.

A maioria dos documentos revelados pelo soldado vieram das bases de dados do Departamento de Estado e das Forças Armadas americanas, com detalhes sobre as relações diplomáticas com diversos países e as ações militares durante as guerras no Afeganistão e no Iraque.

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Em mensagem no Twitter, a entidade afirma que, segundo as leis americanas, Manning pode ser solto após cumprir menos de nove anos de prisão, já que pode conseguir liberdade condicional. Embora alta, a pena foi menor que a pedida pela Promotoria, que queria condená-lo a 60 anos de prisão.

A Anistia Internacional pediu ao presidente Barack Obama que aceite o pedido de clemência que será feito pela defesa do delator ao Departamento de Justiça, mesmo antes que este seja apresentado. "O presidente não tem que esperar apelação da sentença. Ele pode e deve mudá-la agora mesmo".

Para a Repórteres sem Fronteiras, o veredicto é um ataque é um atentado à democracia americana. "A pena é um novo golpe aos informantes e enfatiza sua vulnerabilidade. O Exército americano envia uma mensagem clara a seus soldados, da mesma forma que aos jornalistas que correm o risco de publicar suas revelações".

RÚSSIA

O único governo estrangeiro que se manifestou contra a condenação de Manning foi a Rússia, que é criticada pelos americanos por violar os direitos humanos na perseguição a opositores e a minorias étnicas, políticas e sexuais.

O chefe do departamento de direitos humanos da Chancelaria russa, Alexander Lukasevitch, disse que Moscou considera injustificável a dureza da pena aplicada contra Manning. Para ele, o governo americano deveria ter punido os soldados envolvidos em crimes nas operações no Iraque e no Afeganistão.

"Quando se trata dos interesses dos Estados Unidos, o sistema judicial americano toma decisões exemplares de uma dureza injustificável sem considerar a defesa dos direitos humanos".

Nos Estados Unidos, entidades de imprensa e de defesa de liberdade condenaram a pena imposta ao soldado, que é interpretado por seus defensores como alguém que avisou a sociedade americana e mundial sobre os abusos cometidos pelo governo dos Estados Unidos.

Para o diretor da União das Liberdades Civis americana, Ben Wizner, a sentença de prisão contra Bradley Manning é um sinal de que o sistema judiciário americano anda mal por não saber distinguir o vazamento de informações e a traição ao país.

"Quando um soldado que compartilhou informação com a imprensa é castigado de forma muito mais dura que outros que torturaram prisioneiros e mataram civis, há algo que está verdadeiramente mal".


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