Folha de S. Paulo


Detenção de namorado foi "mensagem de intimidação", diz pivô do caso Snowden

O jornalista americano Glenn Greenwald, 46, diz que a detenção do namorado, David Miranda, no aeroporto de Heathrow, em Londres, foi uma "mensagem de intimidação" a ele. Ele afirmou à Folha, que responderá com reportagens "ainda mais agressivas".

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O oficial britânico me ligou às 6h30 de hoje [ontem] para me avisar que o David tinha sido detido sob essa lei antiterrorismo. Ele disse que me ligou porque o David não tinha direito a ter advogado, mas ele tinha o direito de pedir que ligassem para um advogado, e eu sou advogado.

Eu ainda não falei com o David, só com o advogado do "Guardian", que me disse que é muito raro que alguém fique detido mais do que uma hora.

Mas eles não perguntaram nada a ele sobre terrorismo, só sobre jornalismo: o que eu estou fazendo, o que eu não estou fazendo.

Ele esteve na Alemanha, na última semana, com Laura Poitras, que está trabalhando comigo. Eles perguntaram o que ele e a Laura fizeram, se ele tinha senhas para ter acesso [ao material sobre as denúncias], coisas assim. Está claro que foi só para me mandar uma mensagem de intimidação.

O advogado disse que tomaram seu laptop, telefone, videogame, DVD, sem dar explicações. Eles têm o poder, sob essa lei, para tomar qualquer coisa para investigação.
Agora farei muitas reportagens e serei muito mais agressivo que antes: vai ter o efeito oposto ao que queriam.

Foi exatamente o que eles fizeram quando impediram o avião do [presidente boliviano] Evo Morales [de sobrevoar países europeus]. Eles sabiam que teriam um problema enorme no mundo, mas quiseram mandar essa mensagem. Eles agem como criminosos.

Arquivo Pessoal
O brasileiro David Miranda (à esq.) e o namorado, o jornalista Glenn Greenwald, no Rio
O brasileiro David Miranda (à esq.) e o namorado, o jornalista Glenn Greenwald, no Rio

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