Ao menos 36 prisioneiros morreram sufocados por gás lacrimogêneo numa suposta tentativa de fuga de um comboio de detentos neste domingo, no Cairo. O gás foi disparado por militares, segundo o ministério do Interior egípcio, na tentativa de libertar um policial retido num motim.
Cerca de 600 pessoas detidas nos confrontos da última semana estavam sendo levadas em comboio até a prisão de Abu Zaabal, no norte do egito. Os detentos que estavam em um dos veículos, segundo os militares, teriam feito um motim e capturado um policial. O gás foi disparado, oficialmente, na tentativa de libertar o policial. Nenhum dos relatos diz o que houve com o policial.
Todas as declarações sobre o incidente foram dadas às agências internacionais sob a condição de anonimato. Segundo os militares que deram entrevistas, nem todos os mortos eram membros da Irmandade Muçulmana.
Segundo a Associated Press, o relato dos policiais contradiz a versão apresentada pela TV oficial egípcia, de que os prisioneiros teriam sido mortos em tiroteio ao tentar fugir. A imprensa estatal também teria dito que os assassinos seriam atiradores ligados à Irmandade Muçulmana.
Na última semana, centenas de apoiadores do presidente Mohammed Mursi, deposto por um golpe militar, foram presos pelas forças de segurança próximo à praça Ramsés, no Cairo. As mortes de hoje vêm logo depois de o líder do Exército do país, general Abdel-Fatah el-Sissi, afirmar que os militares não tolerariam mais violência após quatro dias de confrontos que deixaram 900 mortos.