Folha de S. Paulo


Análise: Eurocéticos podem se tornar o fiel da balança eleitoral alemã

A cinco semanas da eleição na Alemanha, em 22 de setembro, uma questão importante não decolou como ponto de separação entre os grandes partidos: a Europa e a crise da zona do euro.

Mas o único que quer concentrar sua atenção nesse problema --o Alternativa para a Alemanha (AfD), recentemente fundado-- pode virar o fiel da balança num pleito no qual há grande equilíbrio entre direita e esquerda.

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Bernd Lucke, professor de ciência política que lidera a campanha, espera obter mais de 5% dos votos e mais de 10% das cadeiras no Bundestag (Câmara Baixa), o que poderia complicar a formação de um governo de coalizão.

"Por algum tempo, pensava que eles não teriam chance, mas agora já não estou tão certo", disse Manfred Güllner, do instituto de pesquisa Forsa. As pesquisas de opinião estimam entre 2% e 3% o apoio ao partido.

Para Lucke, países afetados pela crise são incapazes de competir com a Alemanha e deveriam ser autorizados a desvalorizar suas moedas para reanimar o crescimento.

Sobre a presença no Bundestag, diz que "o objetivo primário não dificultar a vida de Merkel ou tornar impossível governar a Alemanha, mas, sim, dar aos partidos um bom motivo para que repensem suas políticas". Ele insiste em que sua sigla não é uma agremiação "de direita".

A União Democrata Cristã, de Angela Merkel, seus aliados do Partido Democrata Livre (FDP) e os sociais-democratas da oposição têm ignorado o novo partido, dizendo que atacar suas políticas atrairia mais atenção.

O ministro da Economia, Philipp Rösler, do FDP, qualificou o AfD como "um bando de brigões" que dificilmente ameaçará sua sigla. "O AfD só tem uma mensagem: deixar o euro. Essa não pode ser a solução para o país."

A AfD iniciou campanha por uma "gestão mais severa da imigração", para que a imigração seja restrita a pessoas de boas qualificações.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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