Folha de S. Paulo


Presidente paraguaio culpa câmbio por contrabando

O novo presidente paraguaio, Horacio Cartes, cuja empresa de cigarros, Tabesa, é dona das marcas mais contrabandeadas para o Brasil, disse ontem que a entrada dos produtos com preço muito abaixo do mercado no país é um problema de "câmbio".

"Isso é cambiário. Por um lado, o Brasil compra do Paraguai; por outro, a Argentina vende para o Paraguai. Em um país, o câmbio está 2,2; no outro, está 9. Se tivesse uma moeda única, seria outra situação", disse.

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Cartes afirmou ainda que poderia vender a Tabesa. A companhia é o carro-chefe do Grupo Cartes, um conglomerado com 26 empresas.

"Na campanha, me perguntaram se eu ficaria com a empresa, e eu falei: não vou dar de presente. Se alguém quiser pagar, pode levar. Mas tem que pagar", disse. "A minha posição é que tudo que é meu está à disposição para ser comercializado."

Atualmente quase a totalidade do mercado paralelo de cigarros no Brasil tem origem em fábricas paraguaias. Estima-se que mais de 80% da produção do país vizinho acabe no comércio ilegal.

Os cigarros entram ilegalmente no Brasil em caminhões ou barcos, principalmente pela fronteira com o Paraná e o Mato Grosso do Sul.

Grupos antitabagistas brasileiros temem que, com um empresário do setor no poder, o controle sobre o contrabando se torne mais frouxo.

Além de abocanhar uma fatia do mercado legal brasileiro, o cigarro contrabandeado é visto como um risco adicional à saúde pública por seus baixos preços.
visita ao brasil

Ontem, Cartes também elogiou a disposição das presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner (Argentina) para o diálogo, novamente sem citar o uruguaio José Mujica.

O paraguaio afirmou que o clima para o relacionamento bilateral com o Brasil "é ótimo" e anunciou que "em pouco tempo" pretende fazer uma visita ao país.

"Já estamos com o embaixador brasileiro no Paraguai, e acho que essa é uma resposta de como está o clima", disse Cartes, após anunciar que o país recebeu o pedido de agrément (autorização) para o embaixador José Eduardo Martins Felicio.

O diplomata ainda precisa ter o nome aprovado pelo Senado brasileiro.


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