Folha de S. Paulo


Sem citar Mercosul, presidente do Paraguai diz apostar em blocos regionais

Sem citar diretamente o Mercosul, o novo presidente do Paraguai, Horacio Cartes, disse "apostar no fortalecimento dos organismos subregionais, regionais e mundiais" e destacou a importância de "não agravar as diferenças conjunturais".

"Participamos e participaremos nestes organismos para consolidar a democracia, fomentar a integração, a cooperação e a vigência dos direitos humanos", disse Cartes.

Cinco coisas que você não sabia sobre o novo presidente paraguaio

Ele ainda manifestou "franca disposição de manter e acrescentar as cordiais e fecundas relações bilaterais", reforçando que diferencia as relações como cada vizinho das relações com o bloco.

Andrés Cristaldo/Efe
Presidente do Paraguai, Horacio Cartes acena para Mercosul durante discurso de posse no Palácio de Governo de Assunção
Presidente do Paraguai, Horacio Cartes acena para Mercosul durante discurso de posse no Palácio de Governo de Assunção

"Antes de agravar as diferenças conjunturais, queremos que [os vizinhos] se aproximem e busquem o entendimento, a cooperação e a complementação que mutuamente podemos incrementar", disse.

"Assim como queremos a proximidade solidária entre os paraguaios, também aspiramos as mais frutíferas relações com os países vizinhos e com todos os Estados que com os quais mantemos relações diplomáticas", afirmou, numa referência à Venezuela, que mantém cortadas as relações diplomáticas com o país depois do "impeachment-relâmpago" de Fernando Lugo, em junho de 2012.

Ele ainda agradeceu nominalmente as presidentes Dilma Rousseff (Brasil) e Cristina Kirchner (Argentina), pelas "recentes iniciativas que tomaram para construir relações prósperas e positivas". Ele não incluiu no bloco o presidente José Mujica, presidente do Uruguai e também membro do Mercosul.

A Venezuela não foi nem citada no discurso. O presidente Nicolás Maduro não foi convidado para a posse.

Dilma não chegou a ficar para o almoço oferecido por Cartes em sua residência oficial, e partiu de Assunção pouco antes do meio-dia. Ela foi representada no almoço pelo chanceler, Antonio Patriota.

Antes do almoço, foi celebrada uma missa na catedral de Assunção, em homenagem ao novo presidente e ao aniversário de 476 anos do Paraguai.

EMPRESÁRIO

Cartes mencionou o fato de ser empresário em seu discurso, dizendo que não está na política "para cuidar de uma carreira, nem enriquecer seu patrimônio".

Ao citar o Partido Colorado, pelo qual foi eleito, foi amplamente aplaudido pelos correligionários, que formavam a maior parte da plateia. Ele, no entanto, disse que governará " para todos os habitantes do Paraguai, sem discriminações".

A posse teve uma baixa participação popular, ao contrário da de Fernando Lugo, em 2008.

Ele destacou o processo democrático pelo qual foi eleito, destacando que foi a "segunda vez na história do Paraguai" que houve uma "transição política, de um partido para outro, por via democrática" --sugerindo a transmissão de Nicanor Duarte para Fernando Lugo, em 2008 e deixando no ar o caráter democrático da posse de Federico Franco após a queda de Lugo.

Ele, contudo, criticou veladamente o governo Lugo, pelo dinheiro público "supostamente usado na luta contra a pobreza e a favor dos povos nativos, sem resultado visível".


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