Folha de S. Paulo


Islamitas gritam 'Deus nos ajude' ante blindados no Egito

A mesquita Rabia al-Adawiya, no Cairo, foi desde 3 de julho símbolo do repúdio de islamitas ao golpe que retirou Mohammed Mursi da Presidência.

Logo após o golpe, a Folha encontrou o local repleto de manifestantes, fosse com a testa no solo durante a reza ou de pé em cima do palanque para discursar contra o governo interino de Adly Mansur.

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Imagens divulgadas ontem, porém, mostram os arredores de Adawiya destruídos, assim como o outro acampamento, perto da Universidade do Cairo.

Relatos de testemunhas, veiculados por agências de notícias e emissoras locais, narram horas de desespero, com manifestantes fugindo de disparos de gás lacrimogêneo e, em seguida, balas. Muitos usaram tampas de latas de lixo para tentar se defender.

Paredes feitas com sacos de areia foram destruídas por blindados e tratores, enquanto, segundo a agência Reuters, islamitas pediam "Deus nos ajude!".

Várias pessoas foram queimadas vivas dentro das barracas onde estavam acampadas. Muitas outras foram alvo de tiros na cabeça e no peito. Seus corpos foram espalhados pelo chão, que ficou coberto de sangue.

Segundo relatos, ambulâncias foram impedidas de entrar. A Irmandade Muçulmana chegou a pedir, pela TV, que simpatizantes de carro ajudassem a transportar os feridos. (DB)

Editoria de Arte/Folhapress

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