Folha de S. Paulo


Brasil condena violência e alerta para a insegurança no Egito

Assim como outros países, o governo brasileiro condenou nesta quarta-feira (14) a violenta intervenção das forças de segurança egípcias que deixaram centenas de mortos e feridos durante os confrontos com islamitas que apoiam o presidente deposto Mohammed Mursi.

Em nota, o Itamararty afirma que a repressão aos manifestantes representa "séria degradação da situação de segurança em um país-chave para a estabilidade da região."

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"O Brasil associa-se às manifestações do Secretário-Geral das Nações Unidas no sentido de que a violência e a provocação não são respostas aos desafios enfrentados pelo Egito. Compartilha, igualmente, a opinião do Conselho de Paz e Segurança da União Africana de que o diálogo construtivo entre as partes é indispensável para garantir a estabilidade de longo prazo do Egito.", diz parte do texto.

O órgão afirma também que a Embaixada do Brasil no Cairo está atenta à situação da comunidade brasileira no Egito e alerta para a insegurança no país.

O documento diz ainda que o governo brasileiro defende o diálogo para que as "justas aspirações" dos egípcios "por liberdade, democracia e prosperidade, possam ser alcançadas sem violência, com respeito aos direitos humanos e com o retorno à plena vigência da ordem democrática."

O governo interino do Egito decretou nesta quarta-feira estado de emergência por um mês em todo o país após os confrontos violentos em diversas partes do Egito, em especial na capital, Cairo, onde foram desalojadas as duas ocupações feitas pelos islamitas desde 3 de julho, quando o presidente Mohammed Mursi foi deposto após uma ação militar.

Pelo menos 278 pessoas morreram nos confrontos, confirmou o Ministério da Saúde do País, dentre os quais estariam 43 policiais. Entretanto, manifestantes e imprensa mencionam números maiores. A agência France-Presse diz ter registrado 124 mortos somente na praça Rabaa al-Adawiya, onde o Ministério da Saúde aponta 61.

Já o porta-voz da Irmandade Muçulmana, Gehad el-Haddad, diz que são mais de 2.000 mortos e 8.000 feridos no total.

A situação fez com que o vice-presidente do país, e ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Mohamed ElBaradei, enviasse uma carta de renuncia ao presidente interino, Adly Mansou.

Em pronunciamento na televisão, o premiê egípcio Hazem al-Beblawi defendeu a operação, dizendo que não havia outra alternativa, e classificou de "moderada" a ação das forças de segurança.

Ele justificou a operação dizendo que "nenhum Estado que se respeite teria conseguido tolerar" a ocupação das duas praças por milhares de manifestantes por cerca de um mês e meio.


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