Folha de S. Paulo


Polícia prende dirigente islamita após desalojar ocupação no Egito

A polícia do Egito anunciou nesta quarta-feira que prendeu Mohammed el-Beltagui, um dos principais líderes da Irmandade Muçulmana, durante a desocupação do acampamento ao lado da mesquita de Rabia al Adawiya, no Cairo.

A operação policial, anunciada há duas semanas, desmontou a ocupação dos islamitas no local e na praça Al Nahda, no Cairo. Houve confrontos violentos entre a polícia e manifestantes que deixaram dezenas de mortos, segundo o movimento islâmico.

Ofensiva policial contra partidários de presidente deposto deixa mortos no Cairo

Em comunicado, o governo egípcio diz que a polícia o prendeu dentro de um prédio ao lado da praça de Rabia al Adawiya, onde o dirigente se escondia. Ele é acusado pelo governo interino de incitação à violência durante os protestos que aconteceram após a queda do presidente Mohammed Mursi, em 3 de julho.

As manifestações terminaram em confronto com a polícia e deixaram cerca de 300 mortos. Devido aos atos de violência, a Promotoria egípcia emitiu diversos mandados de prisão contra líderes islamitas, incluindo Beltagui, que tinha três deles.

Segundo fontes das forças de segurança, o próximo alvo da operação é o clérigo islâmico Safuat al Higazi, também vinculado à Irmandade Muçulmana e que também deve estar na região. A operação começou na manhã desta quarta-feira, três dias após o fim do prazo para a saída pacífica dos islamitas.

Segundo o Ministério da Saúde, 15 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas. Porém, a Irmandade Muçulmana afirma que há mais de 200 mortos. Mais cedo, o governo também informou que outras 200 pessoas foram presas com armas e munição.

RAZÃO

Após o anúncio da prisão, o governo egípcio emitiu um comunicado pedindo que os aliados de Mursi "escutem a voz da razão" e deixem de cometer atos violentos. Na nota, a administração local afirma que vai manter a implementação do plano de transição política, que não é reconhecido pela Irmandade Muçulmana.

O governo pediu ainda que os manifestantes não resistam ante à pressão policial e que os líderes da entidade islâmica "parem de incitar a violência". "O governo atribui a esses líderes toda a responsabilidade por qualquer derramamento de sangue e por todos os enfrentamentos e a violência que continuam a acontecer".

Mais cedo, o movimento convocou mais manifestantes para as ruas para aumentar a pressão sobre a administração interina. Nas últimas seis semanas, a Irmandade Muçulmana se negou a negociar porque afirma que Mursi sofreu um golpe.

Enquanto ocorriam os combates, Ahmed Tayed, xeque da mesquita de Al Azhar, principal instituição religiosa do Egito, pediu que ambas as partes se contenham e voltem a dialogar para deixar a crise atual.


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