Folha de S. Paulo


Cristina Kirchner tem pior resultado eleitoral no Legislativo desde 2003

A presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, obteve neste domingo seu pior resultado eleitoral no Legislativo desde que seu marido, Néstor, assumiu a Presidência em 2003. Mesmo vencendo as primárias, perdeu distritos eleitorais importantes, incluindo a Província onde iniciou sua carreira política.

No total nacional, o kirchnerismo lidera, com 26% dos votos na eleição para deputados e ganhando em seis das oito Províncias onde se disputa uma vaga no Senado. No entanto, o resultado é cinco pontos percentuais menor que o obtido em 2009, quando sua popularidade foi abalada pelo conflito no campo.

Enrique García Medina/Efe
Ex-chefe de gabinete de Cristina, Sergio Massa, agora opositor, comemora vitória em primárias na Província de Buenos Aires
Ex-chefe de gabinete de Cristina, Sergio Massa, agora opositor, comemora vitória em primárias na Província de Buenos Aires

O índice baixo, o menor desde que Néstor Kirchner assumiu a Presidência, em 2003, foi agravado por derrotas em importantes colégios eleitorais. Na Província de Buenos Aires, que concentra 37,3% do eleitorado do país, o vencedor foi o intendente (prefeito) de Tigre, Sergio Massa.

Ex-chefe de gabinete de Cristina que passou para a oposição no ano passado, Massa e a Frente Renovadora tiveram 35,05% dos votos, contra 29,65% da Frente para a Vitória, que foi liderada por Martín Insaurralde, intendente de Lomas de Zamora, na região metropolitana da capital.

Cristina perdeu pela primeira vez na Província de Santa Cruz, onde começou sua carreira política, ficando em segundo lugar. E corre risco de perder uma cadeira no Senado representando a cidade de Buenos Aires, já que seu candidato, Daniel Filmus, que tenta se reeleger, ficou em terceiro lugar.

O governo também sofreu revés nas Províncias de Córdoba, Mendoza e Santa Fé, três das maiores do país, mas ganhou em La Pampa, Río Negro, Santiago del Estero, Formosa, Entre Ríos e Terra do Fogo. Na eleição para o Senado, dos oito Estados que participam da votação, o oficialismo ganhou em seis.

Além da capital, onde os vencedores são a Unem, de centro-esquerda, e o Pro, do chefe de governo Mauricio Macri, Cristina perdeu em Neuquén para o Movimento Popular Neuquino, de tendência neutra.

DISCURSO

Em discurso na noite de domingo, Cristina minimizou as derrotas em distritos importantes e destacou o resultado nacional. "Somos a maior força nacional e, além de tudo, somos governo. Essa é uma eleição preliminar. Estamos em condições de manter ou aumentar a representação parlamentar."

Já Massa comemorou muito a vitória, que, se confirmada na eleição de outubro, o coloca como forte candidato à Presidência argentina. "Vamos trabalhar para construir mais confiança, para nos elegermos em outubro e para que comecem a nos eleger no futuro", disse.

Segundo a Câmara Nacional Eleitoral argentina, 70% dos 30 milhões de eleitores votaram ontem. Nas primárias, os argentinos foram obrigados a escolher quais quais candidatos ao Senado e à Câmara deverão concorrer em outubro.

Os partidos que não alcançarem o mínimo de 1,5% de votos não participarão da eleição.

O pleito de outubro coloca em jogo a governabilidade de Cristina Kirchner nos próximos dois anos de seu mandato. Sem a maioria na Câmara, ela não conseguirá aprovar uma reforma constitucional que lhe dê a possibilidade de um terceiro mandato.


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