Folha de S. Paulo


Análise: Proporcionalmente, avião robô mata mais civis que 1ª Guerra

Adotando como referência mais recente os "drones" (aviões não tripulados), um especialista em segurança decidiu fazer um tipo de pesquisa ignorado pela área acadêmica. Como se distribuem os mortos em guerras?

Na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), mesmo com carnificinas e uso de gases venenosos, os mortos civis representaram 9%. O conflito foi travado distante das concentrações urbanas.

O mesmo não aconteceu com a Segunda Guerra (1939- 1945). Bombardeios aéreos arrasaram cidades. Foram feitos por aviões de longo alcance e emprego, pela primeira vez, de foguetes de alcance continental, de alemães contra ingleses.

Em represália, os ingleses e seus aliados americanos calcinaram cidades da Alemanha. Dresden foi reduzida a um monte de cinzas.

O comandante dos ataques ficou conhecido como "Harry, the bomber" e ganhou até estátua, passando à história como herói de guerras britânicas. O resultado é que os mortos civis subiram para 50%, muito acima do índice da Primeira Guerra. Na do Vietnã, no entanto, alcançaram 90%, o que ficou registrado com a imagem de uma menininha de feições trágicas correndo numa estrada sob bombardeio.

E Iraque e Afeganistão ? As estatísticas se voltam mais para os "drones", e o último dado diz que as vítimas dos aviões sem pilotos são 14% de civis ou de não combatentes.

Talvez em razão disso o Pentágono declare que adotará nova estratégia --"drones" só seriam usados como espiões. Nada de emprego em bombardeios, que já atingiram até festas de casamento.

NEWTON CARLOS é analista de temas internacionais


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