A Procuradoria de Atacama, no Chile, resolveu encerrar sem nenhuma acusação o caso do desabamento na mina de San José, que deixou 33 mineiros soterrados por 69 dias em 2010, caso que comoveu o mundo e virou tema de filme.
Após três anos de investigação, o Ministério Público determinou que não há provas suficientes para incriminar os empresários Alejandro Bohn e Marcelo Kemeny, proprietários da empresa San Esteban, detentora da mina, bem como as autoridades do Sernageomin (Serviço Nacional de Geologia e Mineração) na época.
O caso ocorreu em 5 de agosto de 2010 e gerou preocupações pelo estado dos 32 chilenos e um boliviano, soterrados a uma profundidade de cerca de 700 metros. O último deles foi socorrido em outubro daquele ano pela operação milionária de resgate.
"Foi adotada a decisão de não prosseguir porque não havia convicção para formular acusação a respeito dos fatos que já haviam sido investigados", revelou na quarta-feira (31) o procurador regional de Atacama, Héctor Mella.
Entre as queixas arquivadas estava uma acusação equivalente a homicídio culposo (sem intenção de matar) por parte do município de Caldera, local do ocorrido. O documento apontava que a empresa e os funcionários do órgão público não conseguiram cumprir com os regulamentos de segurança.
"A decisão de não prosseguir é uma demonstração clara de que efetivamente os donos da mina San José não cometeram qualquer delito", afirmou a advogada de defesa, Catherine Lathrop ao jornal "La Tercera".
Explorada por mais de um século, a mina de San José já havia sido fechada anos antes do desabamento, por conta de outro acidente com um funcionário, mas voltou a operar com autorização do Serviço Nacional de Geologia e Minas, que alegou depois falta de técnicos para realizar uma fiscalização mais abrangente.
"Ligamos para nosso advogado e ele nos disse para ficarmos tranquilos. Temos outro processo por negligência contra o Estado", comentou o mineiro Luis Urzúa, que atua como porta-voz dos 33 mineiros, resgatados com sucesso ao final de 69 dias soterrados.