Folha de S. Paulo


Editor de jornal opositor na Venezuela pode ter bens bloqueados pela Justiça

O Ministério Público da Venezuela pediu o congelamento das contas e das propriedades de Miguel Henrique Otero, editor do jornal "El Nacional", um dos dos maiores veículos de oposição do país.

Se aceito, o pedido irá bloquear as contas bancárias de Otero e impedi-lo de vender ou fazer negócios que envolvam suas propriedades.

Segundo Luisa Díaz, que ocupa o cargo equivalente à procuradora-geral no país, o bloqueio faz parte de uma investigação sobre enriquecimento ilícito contra Alfredo Pena, ex-prefeito de Caracas.

Pena, que processou Otero, alega que o jornalista lhe deve 3,5 milhões de dólares. Luisa Diaz disse que não sabe onde o ex-prefeito conseguiu o dinheiro nem qual o motivo do empréstimo, mas que investiga uma possível atividade criminal.

O editor disse que ficou sabendo da ação por uma postagem da procuradora no Twitter e que, como não foi notificado oficialmente, só comentará o processo após ter acesso às denúncias.

"Esta é outro ultraje para limitar a liberdade de expressão. É como se chegasse o Exército na redação e fechasse o jornal", disse Otero ao site do "El Nacional".

O jornalista disse ainda que funcionários do governo tentam sistematicamente dominar as empresas de comunicação por meio de investigações criminais que levam à autocensura ou ao fechamento de veículos.

A Globovisión, último canal de TV de oposição, foi comprada recentemente por empresários aliados ao governo de Nicolás Maduro. Em 2007, a emissora RCTV saiu do ar depois de não conseguir renovar sua licença.


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