Folha de S. Paulo


Trem descarrila e deixa ao menos 65 mortos em Santiago de Compostela

Pelo menos 65 pessoas morreram e mais de 120 ficaram feridas nesta quarta-feira depois que um trem de passageiros descarrilou nas proximidades da estação de Santiago de Compostela, no noroeste da Espanha, nesta quarta-feira.

A informação foi confirmada pelo delegado do governo espanhol na comunidade autônoma da Galícia, Samuel Juárez, em entrevista à imprensa espanhola. Ele ainda afirmou que, dos feridos, entre 15 e 20 ainda não foram identificados.

Mais cedo, o presidente galego, Alberto Nuñez Feijóo, lamentou o acidente. "A cena é muito chocante. Um dos vagões foi prensado por outro e os serviços de emergência ainda não conseguiram entrar nele", disse, em entrevista à rádio Cadena Ser.

O trem, do serviço Alvia, seguia da capital Madri para Ferrol, na comunidade autônoma da Galícia. O acidente aconteceu por volta das 20h41 locais (15h41 em Brasília), quando a composição, com 218 passageiros, descarrilou ao passar por uma curva acentuada.

Desgovernada, a composição trem bateu em um dos pilares que cobrem um viaduto em Angrois, a quatro quilômetros de Santiago. Com o impacto, os vagões capotaram, sendo que seis ficaram na linha férrea e outros quatro caíram em uma rua vizinha.

Alguns deles pegaram fogo, assim como uma das locomotivas, que tombou em um muro de contenção. Uma grande nuvem de fumaça foi formada e pôde ser vista a quilômetros de distância.

Este foi o acidente de trem mais grave na Espanha em 41 anos. O descarrilamento em Santiago de Compostela é superado pela colisão de dois trens em El Cuervo de Sevilla, em 1972, com 77 mortos.

O acidente mais grave é outro choque entre um trem e uma locomotiva em Torre del Bierzo, em 1944, que, na contagem oficial, deixou 78 mortos.

TESTEMUNHAS

Passageiros afirmam que passaram momentos de terror após o acidente, em especial porque alguns dos vagões capotaram. "O trem começou a capotar na curva. Muita gente ficou presa", disse Ricardo Montero à rádio Cadena Ser.

Moradores da região, Aníbal Rivas e Iván Ramos afirmaram ao jornal "El Mundo" que havia pessoas machucadas tentando salvar algumas crianças feridas. "Escutamos um ruído tremendo, enorme, como nunca. Vimos uma poeirada enorme e um dos vagões estava incendiado".

O bombeiro Jaime Tizón, integrante da primeira equipe dos bombeiros, foi obrigado a fazer um turno dobrado para socorrer as vítimas do acidente. "Não sei quantos vagões tinham, não sei quantos mortos tiramos. Quando chegamos era um autêntico caos".

As autoridades locais pediram doação de sangue aos moradores das cidades de Santiago de Compostela, Vigo e La Coruña. Os hospitais da cidade onde foi o acidente estão cheios de pessoas para fornecer sangue.

Danilo Bandeira/Editoria de Arte/Folhapress

CAUSAS

Ainda não há informações oficiais sobre as causas do acidente, mas a imprensa espanhola afirma que o maquinista entrou na curva com velocidade acima dos 80 km/h permitidos na região do acidente.

A ministra de Fomento, Ana Pastor, responsável pela empresa estatal Renfe, disse que não descarta nenhuma causa para o acidente. O governo negou que o descarrilamento tenha sido provocado por um atentado.

Equipes da polícia e dos bombeiros buscam mais feridos que poderiam estar presos na composição. Ainda não foram revelados os nomes das vítimas, nem há informações sobre vítimas estrangeiras.

O presidente de governo espanhol, Mariano Rajoy, já foi informado pelas autoridades locais e seguirá no início da manhã de quinta (25) para Santiago de Compostela. O rei Juan Carlos 2º prestou condolências às famílias das vítimas.

Devido ao acidente, a comunidade autônoma da Galícia cancelou as festividades do dia de são Tiago, principal festa religiosa da cidade, que aconteceriam amanhã. Santiago de Compostela é um grande centro de peregrinação católica e um dos principais pontos turísticos da Espanha.


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