Folha de S. Paulo


Londres propõe salário maior a deputados

Em tempos de crise econômica, o órgão independente que regula os gastos do Parlamento britânico sugeriu ontem um aumento de 9,5% nos salários dos deputados.

A proposta foi atacada pelo primeiro-ministro David Cameron e pelo líder da oposição, Ed Miliband, num raro momento de consenso na política do Reino Unido.

"O primeiro-ministro não concorda em elevar o custo dos políticos", disse Jean-Christophe Gray, porta-voz de Cameron. "Não acho que os deputados devam receber 10% de aumento quando enfermeiros e professores estão com os salários congelados", afirmou Miliband.

Os dois indicaram temer a reação da opinião pública, já que o país tem sofrido com arrocho salarial e corte de benefícios sociais. Os aumentos dos demais servidores estão limitados a 1% ao ano.

No último domingo, uma pesquisa do jornal "The Sunday Times" mostrou que 68% dos britânicos são contra o aumento de salários.

O estudo propõe elevar os salários anuais dos parlamentares de 66,4 mil libras (R$ 229 mil) para 74 mil libras (R$ 255 mil) a partir de 2015.

No Brasil, mesmo com a moeda mais fraca, deputados ganham R$ 347 mil anuais, incluindo o 13º salário --sem contar outros benefícios.

O relatório sustenta que é preciso corrigir defasagens entre a remuneração dos políticos e a de cargos de chefia na iniciativa privada.

O aumento seria parcialmente compensado por mudanças nas aposentadorias e cortes de alguns benefícios a que os parlamentares têm direito, como reembolsos de táxi após sessões noturnas.

A proposta apresentada ontem será submetida a consulta pública até dezembro.

O órgão que sugeriu o aumento foi criado em 2009, após um escândalo de abuso de gastos com verba indenizatória. É dele a palavra final sobre aumentos de gastos.


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