Folha de S. Paulo


Deputado russo anuncia asilo de Snowden, mas mensagem é apagada

O chefe do Comitê de Relações Exteriores do Parlamento russo, Alexei Pushkov, disse nesta terça-feira no Twitter que o técnico de informática Edward Snowden aceitou a oferta de asilo feita pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

Minutos depois, porém, a mensagem foi apagada de sua conta no microblog, ainda sem motivo aparente. Depois, Pushkov explicou, também via Twitter, que havia sido informado da resposta positiva de Snowden à oferta venezuelana de asilo ao acompanhar informações da televisão estatal russa Vesti 24.

Bobby Yip/Reuters
Manifestante a favor de Edward Snowden em Hong Kong, nesta terça; deputado russo diz que delator aceitou asilo venezuelano
Manifestante a favor de Edward Snowden em Hong Kong, nesta terça; deputado russo diz que delator aceitou asilo venezuelano

O legislador reformulou a mensagem original sobre a aceitação de Snowden, atribuindo a informação à rede de TV. O asilo ainda não foi confirmado pelo governo russo ou pela Venezuela. O site WikiLeaks, que apoia Snowden, também não se manifestou.

Snowden é o responsável pela revelação do esquema de monitoramento de dados de internet e telefones feito pelos Estados Unidos em todo o mundo. Ele está desde 23 de junho na área de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou.

No sábado (6), o parlamentar russo defendeu a escolha pela Venezuela devido à "relação tensa com os Estados Unidos". "Pior não seria [para os americanos]. Ele não vai ficar morando em Sheremetyevo", disse o deputado, que na terça (2) chamou o informante de "defensor dos direitos humanos".

O delator pediu asilo diplomático a 27 países, dentre eles o Brasil, mas só teve respostas positivas de Bolívia, Nicarágua e Venezuela. Sua extradição é pedida por Washington que o acusam de roubo, transferência de propriedade do governo e espionagem, o que pode lhe render até 30 anos de prisão.

Os três países aprovaram o asilo após o avião do presidente boliviano, Evo Morales, ser barrado em Portugal, Espanha, Itália e França pela suspeita de que Snowden estivesse a bordo. O bloqueio gerou a condenação dos países da Unasul (União de Nações Sul-Americanas).

PEDIDO

Se confirmada, a aceitação do asilo acontece horas após o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ter dito que recebeu a solicitação formal de Snowden. Ainda não há informações sobre como e quando o delator irá partir de Moscou.

Na sexta (5), Maduro disse que oferecia abrigo ao informante americano e acusou os Estados Unidos de "suscitar a loucura" e a "perseguição" após o incidente sofrido na semana passada pelo presidente boliviano, Evo Morales, na viagem de volta a seu país.

"A América Latina está dizendo a este jovem: 'o senhor está sendo perseguido pelo império, venha para cá'", declarou Maduro, em alusão a outros oferecimentos similares de asilo oferecidos por Bolívia e Nicarágua.

Pouco antes, a Casa Branca disse que Snowden não pode obter permissão para viajar para outro país que não seja EUA, em resposta às ofertas de asilo que o jovem recebeu de Nicarágua, Venezuela e Bolívia.

Neste momento, o informático está em Moscou sem passaporte, já apreendido pelas autoridades norte-americanas, mas lhe seria suficiente com um documento de viagem que faça as vezes de salvo-conduto até chegar a seu destino.


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