Folha de S. Paulo


Procurador-geral do Egito renuncia para evitar investigar Mursi

O procurador-geral do Egito, Abdel Meguid Mahmoud, anunciou nesta sexta-feira sua renúncia ao cargo três dias depois de recuperá-lo. Ele diz ter deixado o posto para não ter que investigar o presidente deposto Mohamed Mursi, que pediu sua saída em diversas ocasiões.

Segundo a agência de notícias estatal Mena, Mahmoud afirmou que pedirá para ser colocado em outro cargo pelo Conselho Superior da Magistratura. Ele também atribuiu sua saída ao fim dos riscos contra o órgão da Justiça, depois que "se alcançou o objetivo e afastado a Procuradoria-Geral das ingerências e da islamização".

O procurador-geral foi restituído em definitivo na quinta, após uma decisão do Tribunal de Cassação egípcio que determinou sua volta na última terça (3), retirando o procurador-geral nomeado por Mursi, Talaat Ibrahim.

Mursi se outorgou o poder, em polêmica declaração constitucional emitida em 22 de novembro, de destituir o procurador-geral, o que era uma prerrogativa da Justiça. Em seguida, o presidente substituiu Mahmoud, criticado por ser próximo do antigo regime de Hosni Mubarak, pelo juiz Ibrahim.

A medida, junto com outras que aumentaram seus poderes, originou uma onda de protestos e distúrbios no Egito, onde a oposição e parte dos juízes rejeitaram a blindagem dos poderes do presidente e a destituição de Mahmoud, que era procurador-geral desde 2006.

Mohamed Mursi foi deposto na última quarta (3), após pouco mais de um ano de mandato, por um golpe de Estado com a ajuda dos militares. O Egito agora é governado pelo presidente da Suprema Corte Constitucional, Adly Mahmud Mansur.


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