Folha de S. Paulo


Irmandade Muçulmana convoca ato em repúdio a golpe no Egito

Uma coalizão islâmica liderada pela Irmandade Muçulmana convocou para hoje (5) uma "Sexta-Feira da Rejeição". O protesto, após a principal oração islâmica da semana, será um repúdio ao golpe militar que depôs anteontem o presidente islamita Mohammed Mursi.

Desde a saída de Mursi, primeiro presidente eleito democraticamente no Egito, a Irmandade Muçulmana tem sofrido revezes políticos no país. O próprio ex-presidente se encontra detido e, além dele, ao menos oito membros da organização. Há relatos de ordem de prisão a 300 outros islamitas.

Na quinta-feira, houve a informação de que o líder religioso da Irmandade, Mohamed Badie, havia sido preso no noroeste do Egito, mas ele reapareceu nesta sexta-feira, durante discurso em Cidade Nasr, perto do Cairo.

Ouvido pela Folha, Gehad al-Haddad, porta-voz da irmandade, afirma haver perseguição ao grupo. Membros do grupo, reunidos na mesquita de Rabia al-Adawiya, acusam o Exército de contratar gangues para agredi-los.

Em bairros islamitas, os simpatizantes do movimento se aquartelavam nos últimos dias, prometendo resistir em nome da legitimidade do presidente que elegeram. A entrada, ali, era feita após revista. Homens com capacetes de construção civil e pedaços de pau atuavam como guardas informais.

Em seu discurso de posse, o presidente interino Adly Mansur havia acenado aos setores islamitas, convidando-os ao debate político que deve levar às eleições presidenciais e parlamentares --ainda sem prazo determinado. No entanto, as ações do governo têm apontado em uma direção menos tolerante.

Entre islamitas, há receio de que o país retorne a um período em que, a exemplo do visto durante a ditadura de Hosni Mubarak, os membros da Irmandade Muçulmana sejam perseguidos.


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