Folha de S. Paulo


Pedido de asilo de delator dos EUA é rejeitado por Brasil e sete países

Os pedidos de asilo ao técnico de informática Edward Snowden, que revelou o esquema de espionagem de telefones e internet feito pelos Estados Unidos, foram rejeitados pelo Brasil e por outros sete países.

Dos 21 países que o site WikiLeaks disse que Snowden solicitou asilo, 11 dizem que receberam a requisição. Na segunda (1º), o site anunciou que a advogada que assessora o delator, Sarah Harrison, fez a solicitação através de carta entregue a diplomatas russos do consulado no aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou.

Delator da CIA desiste de pedir asilo político na Rússia

Sua extradição é pedida pelos Estados Unidos, que o acusam de roubo, transferência de propriedade do governo e espionagem, o que pode lhe render até 30 anos de prisão. Snowden está na área de trânsito do terminal desde o último dia 23.

A mensagem chegou por meio de fax e a decisão do governo brasileiro, segundo o Itamaraty, é de não responder a solicitação feita.

Outros sete países rejeitaram a proposta ou a forma como ela foi feita. A principal causa para a recusa é que o delator deveria chegar à fronteira desses países para pedir o asilo político. Desses, o único que rejeitou claramente o asilo foi a Índia.

O ministro de Relações Exteriores do país, Salman Khurshid, confirmou ter recebido a proposta, mas afirma que o país não tem motivos para conceder o asilo ao delator.

Outros seis países disseram que ele precisa ir à fronteira para poder fazer a requisição --Áustria, Finlândia, Espanha, Holanda, Itália e Equador. O país sul-americano é o único que afirma ter recebido o pedido, apresentado no último dia 22.

Em entrevista ao jornal "Guardian", o presidente Rafael Correa disse que não considera a requisição de asilo a Snowden e que a saída do delator de Moscou depende de um salvo-conduto oferecido pela Rússia. Ele chamou de erro a concessão de um documento de viagem feito pela embaixada do país em Londres.

Para ele, o cônsul na capital britânica, Fidel Narváez, agiu pelo temor de que Snowden fosse preso em Hong Kong e sob pressão do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que está abrigado na embaixada do país em Londres.

"Foi um erro de nossa parte. O cônsul, em momento de desespero porque provavelmente não conseguiu falar com o chanceler, emitiu um documento de salvo-conduto sem validade, sem autorização, sem que nem sequer nós soubéssemos".

NÃO RECEBIDO

A França diz não ter recebido a solicitação, mas não descartou analisá-la. Na segunda (1º), o presidente François Hollande mostrou grande irritação pelas denúncias de que os Estados Unidos monitoraram telefones do país e da União Europeia, uma revelação feita por Snowden.

O governo suíço também negou o recebimento e, assim como outros cinco países, pediu que ele apresente a requisição na fronteira. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que está em Moscou, afirmou que ainda não recebeu o pedido, mas desconversou se levaria Snowden consigo para Caracas.

Já o presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou que está disposto a analisar uma demanda de asilo político de Snowden, mas negou que La Paz tenha recebido o pedido.

Alemanha, Noruega e Polônia afirmam estarem com a solicitação em mãos e em estudo. China, Nicarágua, Irlanda, Cuba e Islândia ainda não se pronunciaram a respeito.

Ex-assistente técnico da CIA e funcionário da Booz Allen Hamilton, prestadora de serviços no setor de defesa, Snowden trabalhava para a NSA há quatro anos, como representante da Booz Allen e de outras empresas, como a Dell.

A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo. De acordo com as informações apresentadas pelo delator, a agência monitorou os registros de ligações de milhões de telefones da Verizon, segunda maior companhia telefônica dos EUA.

Também foram verificados dados de usuários de internet de todo o mundo em empresas de internet como Google, Facebook, Microsoft e Apple. O escândalo causou críticas ao presidente Barack Obama, que combateu a espionagem feita pelas agências quando fazia oposição ao republicano George W. Bush.


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