Folha de S. Paulo


Búlgaro é primeiro cônjuge gay estrangeiro a ter residência nos EUA

Um homem norte-americano da Flórida e seu marido, que é da Bulgária, se tornaram o primeiro casal homossexual a ter aprovado um visto de residência permanente, um marco que surgiu na imigração depois que a Suprema Corte considerou inválida uma lei da Suprema Corte que proibia o casamento homossexual.

A notícia da aprovação do visto permanente de residência, conhecido como green card, foi comunicada por e-mail na noite de sexta-feira a Traian Popov, imigrante búlgaro que vive com seu cônjuge, o norte-americano Julian Marsh, em Fort Lauderdale, Flórida.

A aprovação é prova de que o governo Obama está agindo rapidamente para mudar sua política quanto a vistos depois da decisão da Suprema Corte que, na quarta-feira, invalidou a Lei de Defesa do Casamento (conhecida em inglês pela sigla DOMA).

A aprovação foi tão rápida que o advogado que representa o casal no processo de imigração, Lavi Soloway, foi pego de surpresa. Soloway, que representa muitos casais homossexuais, diz ter recebido a mensagem oficial durante a conferência anual da Associação Americana de Advogados de Imigração, em San Francisco.

"Eu primeiro achei que estivesse lendo errado", disse Soloway em entrevista no sábado. Ainda que estivesse em um ambiente profissional, ele diz que começou a soluçar de emoção ao perceber a importância da notificação.

A decisão da Suprema Corte tem impacto significativo sobre casos que envolvem cidadãos norte-americanos que estejam solicitando green cards para cônjuges homossexuais estrangeiros.

A DOMA, que definia casamento como união entre homem e mulher, proibia o governo federal de reconhecer casamentos homossexuais como base válida para concessão de vistos de qualquer espécie.

Falando por telefone domingo, da casa do casal, Marsh, disse que completou 55 anos na sexta-feira e que ele e Popov estavam celebrando em um jantar em um restaurante Red Lobster quando receberam a notícia da concessão desse green card inédito.

"Foi uma espécie de choque, como ganhar na loteria", disse Marsh, que é produtor musical. "O fato maravilhoso e espantoso é que o governo disse sim e meu marido e eu podemos viver no país que escolhemos, amamos e no qual desejamos ficar".

Popov, 41, diz ter vivido legalmente nos Estados Unidos por 15 anos, com uma série de vistos de estudante. Ele fez três mestrados, e está trabalhando em um doutorado em ciências sociais pela Universidade Nova Southeastern, na Flórida. O casal se casou no ano passado em Nova York e solicitou o green card em fevereiro.

Funcionários da imigração disseram que a agência responsável pelos vistos, o Serviço de Imigração e Cidadania, anunciará novos procedimentos esta semana para os casais homossexuais binacionais que desejam solicitar green cards.

A primeira aprovação também deveria ter acontecido ao longo da semana, disseram funcionários, mas o pessoal da agência se apressou e conseguiu enviar a notificação ainda na sexta-feira.

Pelos dois últimos anos, a agência manteve uma lista de casais homossexuais que tiveram negados seus pedidos de green cards, disseram funcionários, antecipando que a Suprema Corte terminaria por se pronunciar sobre a DOMA.

Os pedidos negados agora serão aprovados automaticamente sem que os casais precisem submeter novos pedidos, se novas questões não tiverem surgido. Casais gays cujos processos não envolvam outros motivos para negação de pedido terão suas solicitações aprovadas com velocidade igual à dos casais heterossexuais, disseram os funcionários.

Popov disse que trabalharia para concluir rapidamente seu doutorado, já que agora poderá procurar emprego legalmente. Ele e Marsh disseram que planejavam se tornar ativistas pelo casamento homossexual na Flórida, Estado que não reconhece essas uniões.

"Somos cidadãos de primeira classe em Nova York mas cidadãos de segunda classe na Flórida", disse Marsh. "E não aceitaremos isso".

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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