Folha de S. Paulo


Ex-ministro da Economia desafiará favoritismo de Bachelet no Chile

O ex-ministro da Economia Pablo Longueira será o candidato da direitista Aliança, do presidente Sebastián Piñera, no pleito para a Presidência do Chile. Ele tentará desafiar o favoritismo da ex-presidente Michele Bachelet, que reforçou seu favoritismo após as primárias deste domingo.

Com 98,48% dos votos apurados, a coalizão de centro-esquerda Nova Maioria, liderada pela Concertação, teve 71,14% dos sufrágios, contra 26,73% da Aliança. Desse modo, cresce a possibilidade de o grupo político voltar ao comando do país após quatro anos.

Após uma disputa acirrada, Longueira, da União Democrata Independente (UDI) obteve 51,32% dos votos, contra 48,67% do ex-ministro da Defesa Andrés Allamand, do Renovación Nacional (RN), mesmo partido de Piñera.

Allamand reconheceu a derrota e disse que pretende apoiar o aliado político no pleito presidencial. Os dois partidos entraram diversas vezes em atrito durante os três anos de governo de Piñera, em especial na disputa de cargos e projetos.

Em discurso, Longueira defendeu a continuidade do projeto de governo e a união entre seus aliados políticos. "Se, em dois meses, ganhamos as primárias, em cinco meses ganhamos as eleições. Se há algo que conseguimos nessas primárias foi a unidade que é o caminho para a vitória".

Depois de ganhar as primárias, o ex-ministro enfrentará uma Bachelet fortalecida pela votação popular. Dentre os votos obtidos pela Concertação, Bachelet teve obteve 74,46% dos votos, contra 12,04% de seu ex-ministro da Economia, Andrés Velasco.

Os dois pertencem ao Partido Socialista, que governou o país entre 2000 e 2010. Os outros postulantes são Claudio Orrego, da Democracia Cristã (DC), com 8,53%, e José Antonio Gómez, do Partido Radical, com 4,96%. Ambos já reconheceram a derrota eleitoral e ressaltaram a vitória de Bachelet.

A favorita para as eleições presidenciais agradeceu aos eleitores e aos adversários dos partidos aliados pelo debate de propostas durante a campanha pelas primárias e o pronto apoio após a divulgação dos primeiros resultados eleitorais.

VANTAGEM

Os votos da ex-presidente foram os principais responsáveis pela forte vantagem do grupo político, que deverá voltar ao comando do país após quatro anos. A Concertação governou o Chile desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990, até a vitória de Piñera, em 2010.

A expansão da Concertação mostra a baixa popularidade de Piñera entre os chilenos. Apesar do crescimento econômico do país em torno de 5% ao ano, ele é criticado por não concluir as obras de reconstrução após o terremoto de 2010 e por não implantar reformas na educação, motivo de intensos protestos.

Já Bachelet, que se manteve afastada da política chilena nos últimos três anos, manteve a alta popularidade do fim de seu mandato, em 2010, na casa de 80%. O sistema eleitoral chileno não permite reeleição consecutiva.

A Concertação, porém, não conseguiu emplacar seu candidato na eleição presidencial. Na ocasião, o candidato do grupo político, o ex-presidente Eduardo Frei Ruiz-Tagle, teve 48,39%, perdendo para Piñera no segundo turno.

A derrota foi interpretada como um desgaste do grupo político após 20 anos de governo e a necessidade de uma terceira via política que, na ocasião, foi revelada pelo ex-deputado socialista Marco Enríquez-Ominami, que, no primeiro turno, teve mais de 20% dos votos.


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