Folha de S. Paulo


Vice-presidente dos EUA pediu a Equador que recuse asilo a Snowden

O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu nesta semana ao presidente do Equador, Rafael Correa, que o país recuse asilo ao técnico de informática Edward Snowden, que revelou o esquema de espionagem feito pela Agência de Segurança Nacional americana (NSA, em inglês).

Os Estados Unidos pediram sua extradição para que seja processado por roubo, transferência de propriedade do governo e espionagem, o que pode lhe render até 30 anos de prisão. O delator está na área de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou, desde o último domingo (23) e pediu asilo ao Equador.

Snowden segue 'perdido' no aeroporto de Moscou

A conversa foi confirmada por funcionários da Casa Branca e pelo próprio Correa. Em informe feito neste sábado, o equatoriano afirmou que a conversa foi "sumamente amável e cordial", mas que Biden lhe pediu para não conceder asilo político ao delator.

Rodrigo Buendia/AFP
Presidente do Equador Rafael Correa disse que avaliará caso e comunicará aos EUA se Snowden chegar ao território do país
Presidente do Equador Rafael Correa disse que avaliará caso e comunicará aos EUA se Snowden chegar ao território do país

Por sua vez, o líder equatoriano relatou que nem sequer pode tramitar a solicitação de asilo, já que o técnico em informática não está em território equatoriano. No entanto, Correa ressaltou que seu governo consultará os EUA caso ache essa medida necessária.

"Eu lhe disse: 'Vice-presidente, obrigado por sua ligação, temos um grande apreço aos Estados Unidos e não buscamos essa situação [asilo a Snowden]. Não a entenda como um antiamericanismo, que é como tentam posicionar certos setores da imprensa que atuam com má fé", afirmou.

No mesmo discurso, Correa disse que o processo de asilo no caso de Snowden será similar ao feito com o fundador do WikiLeaks, Julian Assange. O australiano conseguiu o asilo diplomático em agosto, dois meses após pedir abrigo à embaixada equatoriana em Londres.

ATAQUE MIDIÁTICO

O equatoriano disse que seu país é vítima do que chamou de um ataque midiático mundial em relação ao asilo de Snowden. Para ele, a atuação dos "meios de comunicação do imperialismo" são a arma mais letal criada pela humanidade e que esta parte da imprensa é corrupta.

"Que engenho têm esses meios para desviar a atenção. O problema não é a espionagem massiva dos Estados Unidos contra seus cidadãos, a espionagem massiva aos outros países, atentando contra a soberania. Agora o problema é Snowden e os países que receberam um pedido de asilo".

Ex-assistente técnico da CIA e funcionário da Booz Allen Hamilton, prestadora de serviços no setor de defesa, Snowden trabalhava para a NSA há quatro anos, como representante da Booz Allen e de outras empresas, como a Dell.

A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo. De acordo com as informações apresentadas pelo delator, a agência monitorou os registros de ligações de milhões de telefones da Verizon, segunda maior companhia telefônica dos EUA.

Também foram verificados dados de usuários de internet de todo o mundo em empresas de internet como Google, Facebook, Microsoft e Apple. O escândalo causou críticas ao presidente Barack Obama, que combateu a espionagem feita pelas agências quando fazia oposição ao republicano George W. Bush.

Editoria de Arte/Folhapress

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