Folha de S. Paulo


Agentes da ONU chegam à Turquia para investigar armas químicas na Síria

Inspetores da ONU responsáveis por investigar alegações de uso de armas químicas na Síria estão na vizinha Turquia para recolher informações, de acordo com fontes oficiais turcas ouvidas pela agência de notícias Reuters.

Impedidos de entrar na Síria, eles estavam à espera no Chipre desde abril. Eles foram durante esta semana à Turquia, onde o cientista sueco Ake Sellstrom, líder da delegação, se reunia na quinta-feira (27) com Ahmet Davutoglu, chanceler turco.

O uso de armas químicas na Síria é uma das principais preocupações do Ocidente. Barack Obama, presidente dos EUA, afirmou repetidas vezes que empregar tal arsenal significaria cruzar uma linha vermelha para o ditador Bashar al-Assad.

Tanto o regime sírio quanto os insurgentes trocam acusações de uso de armas químicas. No entanto, governos ocidentais, incluindo os EUA e Israel, disseram em mais de uma ocasião ter evidências de que os ataques químicos foram obra das forças leais a Assad.

O ditador afirma que tais alegações serviriam de justificativa para uma intervenção militar ocidental na Síria.

O confronto na Síria, iniciado em março de 2011, já deixou mais de 93 mil mortos, nas estimativas da ONU. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com base em Londres, diz que já são mais de 100 mil. É, assim, a onda de revoltas mais violenta na chamada Primavera Árabe, que varreu do poder os ditadores de Egito, Tunísia, Líbia e Iêmen.

O time de especialistas da ONU, formado a mando do secretário-geral Ban Ki-moon, não conseguirá coletar amostras de solo na Turquia para a investigação. Será possível, porém, entrevistar supostas vítimas e testar seu sangue.

A Síria é um dos sete países que não aderiram à convenção a respeito de armas químicas em 1997. Acredita-se que haja grandes concentrações desse arsenal no país, incluindo gás mostarda e agente sarin.


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