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Equador nega provocação aos EUA por avaliação de asilo a Snowden

O Equador negou nesta quarta-feira que quer provocar um confronto com os Estados Unidos por causa do técnico de informática Edward Snowden. O país sul-americano analisa um pedido de asilo diplomático feito pelo delator do monitoramento de internet e telefones feito pelos Estados Unidos.

Snowden está na área de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou, desde domingo (23), quando saiu de Hong Kong. No sábado (22), Washington pediu a extradição do informante, que não foi atendida pelo território chinês nem pelos russos.

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Segundo o vice-embaixador equatoriano em Washington, Efraín Baus, a situação será analisada de forma responsável e rejeitou as acusações americanas de provocação e de violação dos tratados internacionais de extradição.

"A base legal para cada caso individual deve se estabelecer rigorosamente, de acordo com nossa Constituição e o marco legal nacional e internacional correspondente. Este processo legal também leva em consideração as obrigações com direitos humanos", explicou.

Na terça (25), o chanceler Ricardo Patiño afirmou que está negociando verbalmente com os Estados Unidos, mas que precisa ser comunicado por escrito sobre a situação de Snowden. Ele disse que o trâmite para a concessão do asilo pode levar meses.

Para efeitos de comparação, Quito levou dois meses para analisar e aprovar o asilo diplomático ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange.

CORREA

Mais cedo, o presidente Rafael Correa criticou o jornal americano "Washington Post", que chamou o seu governo de hipócrita por defender o asilo a Snowden e aprovar restrições à imprensa e aos opositores.

Em editorial, a publicação diz que Correa quer ser o "principal demagogo antiamericano do hemisfério", em substituição ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, morto em março.

"Conseguiram centrar a atenção em Snowden e nos 'malvados' países que o 'apoiam', fazendo com que a gente se esqueça das terríveis coisas denunciadas contra o povo americano e mundo inteiro. 'A ordem mundial não é injusta, é imoral'", disse Correa, em mensagem no Twitter.

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Ex-assistente técnico da CIA e funcionário da Booz Allen Hamilton, prestadora de serviços no setor de defesa, Snowden trabalhava para a NSA há quatro anos, como representante da Booz Allen e de outras empresas, como a Dell.

A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo. De acordo com as informações apresentadas pelo delator, a agência monitorou os registros de ligações de milhões de telefones da Verizon, segunda maior companhia telefônica dos EUA.

Também foram verificados dados de usuários de internet de todo o mundo em empresas de internet como Google, Facebook, Microsoft e Apple. O escândalo causou críticas ao presidente Barack Obama, que combateu a espionagem feita pelas agências quando fazia oposição ao republicano George W. Bush.

Editoria de Arte/Folhapress

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