Folha de S. Paulo


Análise: Obama tenta corresponder expectativas em viagem à África

É uma comparação que o presidente Barack Obama talvez não goste: quando se trata de África, ele não é nenhum Bill Clinton. Aliás, nem mesmo George W. Bush.

Obama faz na quarta-feira sua primeira viagem prolongada à África. Após as expectativas estratosféricas geradas por sua eleição em 2008, Obama agora enfrenta a perspectiva de tentar convencer os africanos de que os Estados Unidos têm interesses vitais a proteger e perseguir no continente.

"Os líderes africanos e o público africano têm se perguntando onde está o presidente dos EUA", disse Ben Leo, diretor de políticas globais da ONG contra a pobreza ONE.

"Essa viagem foi concebida para abordar algumas dessas percepções, essas preocupações, e tomara que relance a trajetória de engajamento no próximo par de anos."

A visita de Obama corre o risco de ser ofuscada pela deterioração do estado de saúde do reverenciado ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, de 94 anos. A Casa Branca disse que Obama está disposto a visitar a família dele.

Em uma semana de visita, Obama terá a chance de reverter algumas das críticas sobre a falta de iniciativas do seu governo para melhorar a saúde ou o comércio no continente -- algo que os dois antecessores dele fizeram.

Em 2003, o republicano George W. Bush anunciou uma verba de US$ 15 bilhões (R$ 33 bilhões) em cinco anos para o combate à Aids na África. Especialistas dizem que a oferta de tratamento resultante desse programa beneficiou mais de 4 milhões de pessoas.

Antes dele, o democrata Bill Clinton gerou enorme boa vontade por se tornar o primeiro presidente dos EUA a fazer mais de uma viagem à África, e por sancionar a Lei de Crescimento e Oportunidade da África, que derrubou restrições comerciais a mais de 6.000 produtos oriundos de 35 países africanos.

Agora, diante da ausência de um maior envolvimento norte-americano, outros países --em especial a China-- têm perseguido agressivamente oportunidades empresariais no continente.

"Este é um lugar onde os Estados Unidos precisam estar presentes, e estamos muito satisfeitos de que no começo do segundo mandato possamos enviar um sinal de maior envolvimento dos EUA por meio dessa viagem", disse Ben Rhodes, assessor de política externa da Casa Branca.


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