Folha de S. Paulo


Rússia diz que oposição síria não deve impor condições para encontro

O chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, criticou nesta terça-feira a oposição síria por querer impor condições para participar da conferência de paz proposta por Moscou e os Estados Unidos para tentar dar fim à crise política e aos confrontos violentos no país.

Apesar da pressão sobre o presidente Vladimir Putin em uma reunião de cúpula do G8 para reduzir o apoio russo ao ditador sírio, Bashar al-Assad, Lavrov sinalizou que não houve mudança na visão de Moscou de que a saída do líder sírio não pode ser uma pré-condição para as negociações de paz.

O ministro fazia referência a um comunicado da principal coalizão rebelde que condicionou sua participação ao estabelecimento de um prazo para a saída de Assad. Para ele, tanto o regime quanto os rebeldes devem conversar sem estabelecer requisitos.

"Nós categoricamente nos opomos às afirmações de que a conferência deve tornar-se uma espécie de ato público de capitulação da delegação do governo, com a subsequente transferência de poder na Síria para a oposição", disse ele em declarações publicadas no site do Ministério das Relações Exteriores russo.

Sugerindo que a Rússia tinha feito a sua parte ao obter o compromisso de Assad com as negociações, Lavrov disse que o governo da Síria concordou em participar da conferência e formou uma equipe de negociação a ser liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Walid al-Moualem.

"Com a oposição é mais difícil", disse ele, acrescentando que a cobrança da oposição síria pela derrubada do governo está fora de sintonia com os esforços para se chegar a um consenso sobre um caminho para a paz.

CONFERÊNCIA

Moscou e Washington estabelecem há mais de um mês negociações para desenvolver a conferência, que busca a resolução dos dois anos de conflitos entre rebeldes e aliados de Assad pela via política. O encontro, no entanto, encontra fortes barreiras na organização.

Os dois países divergem sobre os rumos que deverão ser tomados na reunião. Enquanto os Estados Unidos, junto com França e Reino Unido, defendem a saída de Assad, a Rússia não coloca o fim da ditadura como condição para as negociações.

Os países ainda discordam sobre a participação do Irã, aliado de Assad, e da Arábia Saudita, que abertamente fornece armas aos rebeldes. Segundo fontes diplomáticas ocidentais questionadas pela Reuters, as diferenças devem levar a que a reunião seja convocada apenas em agosto.

A hipótese do adiamento ganhou força após o isolamento do presidente russo, Vladimir Putin, durante a reunião do G8, que termina nesta terça em Belfast, na Irlanda do Norte. Todos os outros países respaldam os rebeldes.


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