Folha de S. Paulo


Após espionagem, Obama atinge menor popularidade desde 2011

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chegou em junho ao menor nível de aprovação desde 2011, segundo pesquisa do instituto ORC divulgada nesta segunda-feira pela emissora CNN. A queda acontece após a revelação dos casos de espionagem do governo americano.

No período, foram reveladas as informações sobre o monitoramento de dados de milhões de telefones nos Estados Unidos e de usuários de internet em todo o mundo. Também houve as denúncias sobre os grampos à Associated Press e o caso de inspeção dos republicanos do Tea Party na Receita Federal americana.

Andy Rain/Efe
Obama discursa em evento paralelo à cúpula do G8, em Belfast, na Irlanda do Norte; popularidade caiu para menor nível desde 2011
Obama discursa em evento paralelo à cúpula do G8, na Irlanda do Norte; popularidade caiu para menor nível desde 2011

Todos os casos aumentaram a fragilidade do presidente, que foi obrigado a admitir a vigilância e reconhecer que ajuda no combate ao terrorismo. Ele era forte crítico de grampos e monitoramento na época que fazia oposição ao governo do republicano George W. Bush, que introduziu a prática.

Segundo o levantamento, a aprovação de Obama é de 45%, oito pontos a menos que em maio e o menor índice desde novembro de 2011, antes da campanha pela reeleição. A reprovação também ficou no maior nível em mais de dois anos, em 54%.

O instituto ORC afirma que os setores de maiores quedas foram os de jovens de menos de 30 anos, como 17 pontos percentuais a menos, e entre os negros, que compõem a maior parte do eleitorado do democrata. A pesquisa foi feita com 1.014 adultos entre 11 e 13 de junho. A margem de erro é de três pontos percentuais.

Dentre os pontos avaliados, o que mais se destaca é a queda da crença na honestidade do presidente, que caiu para o menor nível desde o início de seu primeiro mandato, em 2009. O índice ficou em 49%, contra 58% em maio.

TERRORISMO

Questionados sobre a política de Obama com o terrorismo, 52% aprovam a forma como o democrata conduz o programa no país. No entanto, o monitoramento dos dados dos americanos é interpretado como excessivo por 43% dos entrevistados.

As duas medidas mais polêmicas de monitoramento recebem o apoio dos questionados. A vigilância dos dados telefônicos dos americanos é aprovada por 51%, enquanto o monitoramento das informações de usuários estrangeiros é respaldada por 66%.

A pesquisa é divulgada em meio a uma viagem presidencial à cúpula do G8, em Belfast, na Irlanda do Norte, e a uma visita de Estado a Berlim, a primeira de Obama após a revelação do monitoramento. Ele deverá ser questionado pela chanceler alemã, Angela Merkel, pelas estratégias de vigilância.

Obama continua popular entre os alemães: uma pesquisa na semana passada mostrou que 82% acreditam que ele tem feito um bom trabalho. No entanto, há insatisfação com a continuidade da guerra no Afeganistão e das prisões na base de Guantánamo.

As ações de vigilância também podem contribuir para piorar a imagem de Obama. O monitoramento foi comparado ao trabalho da Stasi, a polícia da Alemanha Oriental. Desse modo, havia o risco de protestos se Obama resolvesse fazer um discurso aberto, como o feito durante campanha em 2008.

Desta vez ele deve falar para cerca de 4.000 convidados no lado leste do Portão, na praça Pariser Platz, fechada. Autoridades norte-americanas estavam aparentemente relutantes em deixá-lo falar no lado oeste, perto do parque, porque temiam comparações desfavoráveis com o público de cinco anos atrás.


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