Folha de S. Paulo


China nega que delator de monitoramento dos EUA seja espião de Pequim

O Ministério das Relações Exteriores da China negou nesta segunda-feira que o técnico em informática Edward Snowden seja um espião de Pequim. Ex-prestador de serviços para a inteligência americana, ele confessou ter revelado o monitoramento de telefones e redes de internet feito por Washington.

Para a porta-voz da Chancelaria, Hua Chunying, as acusações de que o delator teria sido informante chinês antes de fugir para Hong Kong são "completamente infundadas". Este é um dos poucos posicionamentos públicos diretos do país sobre o caso, que provocou sérias críticas ao governo americano.

Na última quinta (13), a mesma representante disse que o governo chinês não tinha informações a revelar sobre um hipotético pedido de asilo feito pelo informante ou qualquer negociação com os Estados Unidos para pedir sua extradição.

Nesta segunda, o jornal oficial chinês "Global Times" afirmou em editorial que a extradição de Snowden aos Estados Unidos seria uma "traição" da confiança depositada pelo ex-consultor na democracia em Hong Kong e uma "perda de prestígio" para Pequim.

"Extraditar Snowden para os Estados Unidos não apenas seria uma traição da confiança de Snowden, mas também uma decepção das expectativas do mundo inteiro", afirma o jornal em inglês do grupo Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista Chinês (PCC).

A publicação diz que o ex-agente "não provocou danos a ninguém" e se limitou a "alertar sobre a violação dos direitos civis pelo governo americano". "Seria uma perda de prestígio tanto para o governo de Hong Kong como para o governo central chinês se Snowden fosse extraditado".

Ex-assistente técnico da CIA e funcionário da Booz Allen Hamilton, prestadora de serviços no setor de defesa, Snowden trabalhava para a NSA (Agência Nacional de Segurança) há quatro anos, como representante da Booz Allen e de outras empresas, como a Dell.

A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo. De acordo com as informações apresentadas pelo delator, a agência monitorou os registros de ligações de milhões de telefones da Verizon, segunda maior companhia telefônica dos EUA.

Também foram verificados dados de usuários de internet de todo o mundo em empresas de internet como Google, Facebook, Microsoft e Apple. O escândalo causou críticas ao presidente Barack Obama, que combateu a espionagem feita pelas agências quando fazia oposição ao republicano George W. Bush.


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