O Itamaraty decidiu transferir seu embaixador em La Paz, Marcel Fortuna Biato, para a Suécia, em meio às negociações para resolver uma novela diplomática: a situação do senador boliviano Roger Pinto, asilado há um ano na embaixada.
A informação foi divulgada nesta quinta-feira pelo site do jornal "Valor Econômico".
A saída de Biato já havia sido sondada pelo governo Evo Morales em encontros com a diplomacia brasileira, segundo a Folha apurou.
Um membro do corpo diplomático considerou a situação "lamentável", porque o Itamaraty demonstrava que tentaria resolver o impasse antes que ele deixasse o cargo.
A Bolívia se nega a permitir que Pinto, que se diz perseguido político, deixe o país.
Oficialmente, o ministério não confirma a mudança, mas diz que Biato já estava há três anos no posto, tempo após o qual é "normal" a troca.
À Folha a Embaixada da Suécia, em Brasília, confirmou que o "agrément" (autorização) já foi concedido por seu governo a Biato.
No ano passado, a ministra boliviana das Comunicações, Amanda Dávila, acusou o embaixador brasileiro de "ingerência" e de "pressionar" seu governo a conceder um salvo-conduto para o senador.
Ainda não há data para que a transferência ocorra. A medida ainda precisa passar pelo Senado.
"A transferência às pressas do embaixador para a Suécia, cedendo a pressões do governo boliviano, é um ato injustificável", diz Fernando Tibúrcio, advogado do senador no Brasil.
A decisão também se dá após a libertação de sete dos 12 brasileiros presos em Oruro por suposto envolvimento na morte do jovem Kevin Espada durante uma partida de futebol entre o Corinthians e o San José em fevereiro.