Folha de S. Paulo


FBI inicia investigação penal contra delator de espionagem

O diretor do FBI (polícia federal americana), Robert Mueller, afirmou hoje que o governo americano fará de tudo para que o delator Edward Snowden seja responsabilizado e preste contas de suas denúncias.

"Ele causou danos à segurança nacional e é objeto de uma investigação criminal em curso. Estamos tomando todos os passos necessários para que ele responda pelas revelações", disse, durante audiência no Comitê Judiciário do Senado americano.

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Snowden está em Hong Kong desde o mês passado, depois de deixar o Havaí, onde morava. Ele revelou aos jornais "The Guardian" e "Washington Post" detalhes sobre programas de vigilância telefônica e na internet pelo governo americano.

A declaração de Mueller é a primeira confirmação de que o governo americano está investigando Snowden, um especialista em informática de 29 anos que confessou ter vazado informações sobre os programas de espionagem.

A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo. De acordo com as informações apresentadas pelo delator, a agência monitorou os registros de ligações de milhões de telefones da Verizon, segunda maior companhia telefônica dos EUA.

Também foram verificados dados de usuários de internet de todo o mundo em empresas de internet como Google, Facebook, Microsoft e Apple. O escândalo causou críticas ao presidente Barack Obama, que combateu a espionagem feita pelas agências quando fazia oposição ao republicano George W. Bush.

Mueller disse que os programas de monitoramento dos registros telefônicos e de comunicações pela internet foram aprovados por um juiz e que são conformes à Constituição.

Em seu depoimento, ele disse ainda que o governo estava determinado a garantir o direito à privacidade e às liberdades civis, mesmo que continue empenhado em prevenir possíveis ataques terroristas contra os Estados Unidos.

A audiência de quase três horas de duração com o diretor do FBI rachou os congressistas americanos, que se dividiam entre elogios e agradecimentos ao trabalho da agência a críticas e comentários que o país está sob o risco de virar um Estado de vigilância totalitária.

Edward Snowden ainda não foi acusado por nenhum crime. Na segunda (10), a Casa Branca informou que ele seria processado pelo Departamento de Justiça americano, mas não disse se ele seria extraditado. No mesmo dia, o ex-técnico da CIA saiu do hotel onde estava hospedado em Hong Kong.

EXTRADIÇÃO

Snowden viajou para a Hong Kong no fim de maio, à espera da revelação do escândalo. Durante a entrevista ao jornal "South China Morning Post", publicada nesta quarta-feira (12), ele disse que não está na cidade para se esconder da justiça. "Estou aqui para revelar a criminalidade".

"Minha intenção é pedir que os tribunais e a população de Hong Kong decidam meu destino. Acho razoável ser processado, desde que eu tenha garantido o direito de um julgamento e de apelação".

EUA e Hong Kong têm um tratado de extradição, pelo qual se comprometem a trocar fugitivos de crimes comuns, mas podem recusar casos políticos. O texto prevê possibilidade de veto da China.

Durante a entrevista, o agente diz que confia na Justiça de Hong Kong, que tem a tradição de acolher vítimas de perseguição política, e revelou sua intenção de ficar "até que seja convidado a se retirar".

"Tive várias oportunidades de sair daqui, mas vou ficar e lutar contra o governo americano nos tribunais, porque tenho confiança na justiça".

Com informações das agências de notícias


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