Folha de S. Paulo


Consulado da França celebra primeiro casamento gay no Brasil

Duas semanas depois de realizado o primeiro casamento gay na França, o consulado do país em Brasília celebrou a união de dois franceses, residentes no Brasil há dez anos.

A cerimônia foi possível após sanção de lei sobre o tema --essa era uma das promessas de campanha do presidente socialista François Hollande. A mudança na legislação do país europeu, no entanto, provocou forte reação de opositores ao casamento gay e foi motivo de protestos violentos nas ruas.

Na manhã desta quarta-feira (12), dia dos namorados, Didier Ounnas, 45, e Gilles Barral, 50, lembraram das dificuldades enfrentadas até a sanção da lei, mas comemoraram a união, celebrada pelo cônsul Franck Laval.

Sérgio Lima/Folhapress
Didier Ounnas (à esq.) e Gilles Barral, que moram em Salvador, celebram casamento em Brasília
Didier Ounnas (à esq.) e Gilles Barral, que moram em Salvador, celebram casamento em Brasília

O diplomata afirmou que este é o primeiro casamento gay entre franceses no continente americano --e talvez o primeiro fora da França.

"O mundo acompanhou os debates na França, que foram muito difíceis, violentos. Eles revelaram um lado da França que até a gente não imaginava. Em reconhecimento a essas pessoas que lutaram pela lei, decidimos nos casar o mais rápido possível para mostrar que sim, ela valia ser votada", disse Ounnas após a cerimônia.

O casal comemora 25 anos juntos --a intenção é viajar ainda neste mês para encontrar familiares na França e em seguida, seguir para a lua de mel na China e no Japão. "No coração, não faz muita diferença [o casamento formal], mas para o mundo achamos importantíssimo que isso seja concretizado", completou o francês.

A cerimônia foi acompanhada por amigos do casal, funcionários da embaixada e jornalistas.

"Essa é uma imagem de uma França que talvez tenha problemas, mas ainda tem capacidade de evoluir, mesmo com dificuldades, contra pessoas que estão em outros tempos", resumiu Barral.

A união entre os franceses foi tema de matéria no jornal francês "Le Monde" no último fim de semana.


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