Folha de S. Paulo


Vice-ministro diz que Irã foi convidado para encontro sobre Síria

O vice-ministro de Relações Exteriores do Irã, Hossen Amir-Abdullahian, disse nesta quarta-feira que o país foi convidado para a conferência internacional sobre Síria, que deve acontecer em Genebra em julho. O evento foi proposto em maio por Estados Unidos e Rússia.

O evento foi adiado na semana passada por não haver acordo sobre a participação de membros do governo de Bashar al-Assad e dos rebeldes no encontro. A presença da República Islâmica é rejeitada por países como França, Reino Unido, Arábia Saudita e Qatar, que apoiam os rebeldes.

O vice-chanceler não comentou quem chamou o país para o evento, mas disse que Teerã responderá ao convite assim que recebê-lo por escrito. Durante discurso na televisão pública, ele voltou a culpar o Ocidente pelos dois anos de conflito na Síria.

Para ele, os Estados Unidos e países europeus enviam armas para a Síria, apesar da presença de "grupos terroristas". Os países ocidentais negam que armam os opositores, embora não tenham descartado que podem fazer isso no futuro.

Teerã é um dos principais aliados do regime sírio e é acusado de enviar tropas e recursos para os aliados do ditador Bashar al-Assad, o que os iranianos negam. Devido a essa posição, encontra a oposição de países ocidentais na participação do encontro, que deverá dar uma solução para o conflito sírio.

Diplomatas consultados pela agência de notícias Reuters dizem que a presença da República Islâmica na conferência é um dos motivos de discórdia que fizeram adiar o evento. Eles afirmam que a Rússia pressiona para que Teerã participe, mas os Estados Unidos descartam a possibilidade.

Diante do impasse, Moscou condicionou a retirada do Irã à saída da Arábia Saudita, que abertamente arma os rebeldes, da discussão. Segundo os diplomatas, os sauditas poderão ficar de fora para que a conferência aconteça.

O encontro em Genebra busca formas de resolver politicamente o conflito na Síria. Uma das intenções do grupo é fazer um acordo para formar um governo de transição no país que dê fim aos combates, que deixaram mais de 80 mil mortos desde março de 2011, segundo a ONU.


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