Folha de S. Paulo


Republicanos pedem extradição de delator de monitoramento nos EUA

Os integrantes republicanos do governo americano pediram na noite de domingo a extradição de Edward Snowden, delator do monitoramento de dados de telefone e internet feitos ilegalmente pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos.

O ex-técnico da CIA assumiu a culpa pelo vazamento de informações em entrevista publicada pelo jornal britânico "Guardian" na tarde de domingo. Ele está há dez dias em Hong Kong, onde diz que pretende buscar asilo em um outro país.

Um dos primeiros a reagir à revelação foi o chefe do Subcomitê de Segurança Nacional da Casa Branca, o republicano Peter King, que pediu o início do processo de extradição do delator "o mais rápido possível".

"Os Estados Unidos devem deixar claro que nenhum país pode lhe dar asilo. Essa é uma situação que causou uma extraordinária consequência à inteligência americana".

O porta-voz do diretor nacional de inteligência disse que o caso foi entregue ao Departamento de Justiça e que está sendo avaliado o dano causado por Snowden. "Qualquer pessoa que tem um certificado de segurança tem a obrigação de proteger informação confidencial e cumprir a lei", disse Shawn Turner.

Em comunicado, a empresa Booz Allen Hamilton, para a qual Snowden trabalhava, disse que o vazamento é "chocante" e se colocou à disposição das investigações. "Esta ação representa uma grave violação do código de conduta e os maiores valores de nossa empresa".

Mesmo com o pedido do governo americano, a extradição do delator pode ser rejeitada por Hong Kong. O país e o território chinês terem contratos que permitem o retorno forçado de criminosos, mas há exceções para casos de perseguição política.

DEFENSORES

Snowden, no entanto, conta com o apoio de ativistas a favor da liberdade civil e de outras organizações. A ex-procuradora de Justiça Jesselyn Radack disse que este é um dos maiores vazamentos de informações da história americana feito por um só indivíduo.

Para ela, o caso pode ser tornar "um divisor de águas que pode mudar a política da guerra contra os delatores e aumentar o conflito pela informação" nos Estados Unidos. O ex-integrante da Agência Nacional de Segurança (NSA, em inglês) Thomas Drake disse que Snowden foi "extremamente valente e corajoso".

"É um ato extraordinário de desobediência revelar a Caixa de Pandora do Estado do Leviatã", disse o ex-agente, que também assumiu o vazamento de diversas informações secretas do governo americano.


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