Folha de S. Paulo


Explosão de três carros-bomba mata ao menos 15 no norte do Iraque

Pelo menos 15 pessoas morreram e 46 ficaram feridas nesta segunda-feira após a explosão de três carros-bomba em um mercado de Jidaidat al-Shatt, na Província de Diyala, no norte do Iraque. O ato ainda não foi reivindicado por nenhuma organização.

Segundo autoridades locais, os autores estacionaram uma camionete com verduras na entrada do depósito e outros dois veículos em outras extremidades do local, todos carregados com bombas. Os três carros foram detonados simultaneamente.

A ação acontece três dias após um homem que dirigia um carro-bomba bater o veículo contra um ônibus com peregrinos xiitas, que deixou 11 mortos e mais de 25 feridos em Muqdadiyah, a 30 km de Jidaidat al-Shatt e a 90 km de Bagdá.

A polícia investiga a explosão e busca os autores do atentado. O membro do Conselho Provincial, Sadiq al Husseini, culpou a rede terrorista Al Qaeda pelo ataque, embora não tenha apresentado provas.

A população da Província de Diyala é dividida entre muçulmanos sunitas e xiitas. Devido a isso, é um dos locais de maior conflito no Iraque, entre milícias aliadas e os opositoras ao governo do primeiro-ministro Nouri al-Maliki, que é xiita.

Nos últimos meses, houve aumento da violência sectária no Iraque, que chegou a níveis similares aos de 2008. Segundo a ONU, pelo menos 1.045 iraquianos, civis e militares, foram mortos em maio, mais de 300 a mais que em abril.

A violência no Iraque diminuiu desde seu período de auge, entre 2006 e 2007. No entanto, dez anos após o início da invasão dirigida pelos Estados Unidos, os ataques continuam sendo comuns, em especial após o fim da ocupação americana, em dezembro de 2011.

Três dias após as tropas ocidentais saírem do país, a Justiça iraquiana emitiu uma ordem de prisão contra o vice-presidente Tariq al-Hashemi, que é sunita. Os integrantes da seita afirmam que a perseguição ao político foi ordenada pelo primeiro-ministro Nouri al-Maliki, xiita.

Desde então, aumentaram os ataques e a troca de agressões entre os dois grupos. Além deles, sunitas e xiitas ainda disputam territórios do norte do país com os curdos, que possuem uma região autônoma rica em petróleo e outros recursos naturais.

A tensão com os curdos deve aumentar nos próximos meses com a chegada de integrantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, em curdo), milicianos separatistas que atuavam na Turquia e decidiram ir ao Iraque.

Outro ponto que também contribui para a violência sectária é o confronto na vizinha Síria, que já dura dois anos e provocou o deslocamento de diversos grupos radicais sunitas para combater o regime de Bashar al-Assad, que é alauita, vertente do xiismo.


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