Folha de S. Paulo


Coreia do Norte religa linha de emergência e retoma diálogo com Seul

A Coreia do Norte reabriu nesta sexta-feira a linha de comunicação da Cruz Vermelha com a vizinha Coreia do Sul, em mais um sinal da retomada das negociações entre os países. No domingo (9), Seul e Pyongyang deverão dialogar sobre o complexo industrial de Kaesong, fechado em abril.

A volta das negociações acontece após três meses de tensão na península Coreana, provocada por ameaças de ataque do regime de Kim Jong-un contra os sul-coreanos e os Estados Unidos. O tom ríspido foi uma resposta a sanções aprovadas na ONU contra o país comunista por causa de um teste nuclear em fevereiro.

Os dois países confirmaram a reabertura da linha, que foi feita por volta das 14h locais (2h em Brasília). A Coreia do Norte parou de responder às chamadas pela linha direta da Cruz Vermelha em março. Outra linha, usada por militares, permanece desligada desde abril.

A proposta de retomada do diálogo foi feita na quinta (6) e aceita por ambos os lados. O primeiro ponto a ser discutido será a volta das atividades no complexo industrial de Kaesong, fechado em abril após a retirada dos 53 mil operários norte-coreanos que atuavam na região.

Inagurada em 2004, a área industrial tem fábricas de 120 empresas sul-coreanas e rende cerca de US$ 480 milhões (R$ 1,01 bilhão) por ano aos norte-coreanos, uma das poucas fontes de recursos para o regime de Kim Jong-un.

A reunião deverá acontecer no domingo (9), ainda sem local definido. Enquanto Pyongyang deseja que o encontro seja no complexo industrial, Seul escolheu a vila de Pammunjon, área de trégua entre os dois países que abriga o local onde fica a linha telefônica da Cruz Vermelha.

REUNIÃO MINISTERIAL

A Coreia do Sul também propôs a realização de outra reunião, desta vez em nível ministerial, na próxima quinta (12), em Seul, para discutir outras questões. Dentre elas, a retomada da cooperação comercial e a volta das visitas das famílias separadas pela Guerra da Coreia (1950-1953), interrompidas em 2010.

A proposta de Pyongyang e a resposta de Seul abrem o caminho para a retomada do diálogo entre as Coreias. As últimas discussões de trabalho aconteceram em fevereiro de 2011 e a última reunião interministerial em 2007.

A volta das negociações acontece na véspera de uma reunião entre os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da China, Xi Jinping. Pequim é o único grande aliado de Pyongyang e mostrou irritação com o tom belicista usado nas últimas semanas pelo regime de Kim Jong-un.

Apesar do diálogo, analistas sul-coreanos pediram prudência, ao destacar que o conteúdo e o calendário das negociações incluem divergências profundas. Dentre elas, o fim do programa nuclear norte-coreano, do qual Pyongyang diz não querer abrir mão.


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