Folha de S. Paulo


Regime sírio retoma fronteira com Israel; Áustria deixa tropa da ONU

Forças leais ao regime do ditador Bashar al-Assad retomaram nesta quinta-feira o posto fronteiriço de Quneitra, o mais importante nas colinas de Golã, na divisão com Israel. Mais cedo, a instalação foi dominada por rebeldes.

Os combates intensos em Golã afetaram também a zona desmilitarizada, criada após o cessar-fogo de 1973 entre Damasco e Israel e que é patrulhada por tropas de paz da ONU (Organização das Nações Unidas). Um soldado filipino ficou ferido.

Ahmad Gharabli/AFP
Foto tirada de Israel mostra incêndio causado por combates em Quneitra, na Síria, ao lado das colinas de Golã
Foto tirada de Israel mostra incêndio causado por combates em Quneitra, na Síria, ao lado das colinas de Golã

Devido à insegurança, o governo da Áustria anunciou que retirará nas próximas semanas seus 380 soldados dos mil que compõem o efetivo. O país europeu é o quarto a deixar da região, após Canadá, Japão e Croácia. As Filipinas também avaliam a saída de seus militares, após dois sequestros.

Pela primeira vez desde o início do levante em março de 2011, os rebeldes tomaram brevemente o controle da área, forçando as forças de paz da ONU a se refugiarem em seus bunkers. Fontes israelenses disseram que as forças sírias tomaram de volta o local depois de violentos combates.

A operação dos opositores acontece um dia após o regime sírio anunciar a retomada da cidade de Qusair, na Província de Homs. A recuperação aconteceu após três semanas de cerco das forças sírias e de milicianos do grupo armado libanês Hizbullah, que é aliado de Damasco.

Nesta quinta, regiões próximas à cidade foram bombardeadas pelo Exército sírio, que buscava combatentes rebeldes. Segundo analistas, a retomada da cidade põe o regime sírio em vantagem nas negociações de paz propostas por Estados Unidos e Rússia, que devem acontecer em julho.

CONTROLE

Nos últimos meses, os combates entre as tropas do regime sírio e milícias opositores se intensificaram na região próxima às colinas de Golã, que antes era controlada por Damasco. Em diversas ocasiões, foguetes e explosivos caíram do lado israelense da fronteira e foram respondidos pelo Estado judaico com tiros de alerta.

Embora Damasco não tenha relações com Israel, o cessar-fogo entre os dois países, vigente desde 1967, era respeitado por ambos os lados nos últimos anos. O início do conflito com rebeldes aumentou a preocupação do Estado judaico com o aumento da hostilidade dos sírios em Golã, assim como em outros países vizinhos.

Outro motivo de receio por parte do Estado judaico é a infiltração de radicais islâmicos nas milícias rebeldes, em especial a chamada Frente al Nusra, ligada à rede terrorista Al Qaeda. Nesta quinta, o líder da Al Qaeda, Ayman al-Zawahri, incentivou os opositores a se unir para derrubar Assad e ameaçar Israel.

Nos dois anos de confrontos na Síria, o Exército israelense interveio duas vezes no país, com bombardeios contra instalações militares do regime de Bashar al-Assad. Segundo funcionários israelenses, a intenção era destruir arsenais de armas que poderiam ser entregues ao grupo libanês Hizbullah, aliado de Damasco.


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