Folha de S. Paulo


Rebeldes sírios controlam posto de fronteira com Israel em Golã

Um grupo de rebeldes sírios assumiram nesta quinta-feira o controle do posto de fronteira de Quneitra, na divisão entre o país e Israel, na região das colinas de Golã. O avanço foi informado por ativistas sírios e confirmado pelas forças de ocupação da ONU.

O avanço rebelde sobre a passagem mais importante entre o Estado judaico e o país árabe é o primeiro desde o início dos confrontos entre o regime sírio e grupos de oposição, iniciado em março de 2011. Até então, o posto era controlado por tropas do Exército do ditador Bashar al-Assad.

A notícia sobre o controle do posto também foi informada pela rádio militar israelense, embora o governo local não tenha se pronunciado oficialmente. Funcionários do país afirmam que houve combates entre tropas sírias e grupos rebeldes na região de Quneitra, mas não confirmaram quem está no controle da fronteira.

Outro órgão que confirmou o domínio foi o Ministério da Defesa da Áustria, que tem 380 soldados nas colinas de Golã, um dos maiores grupos da força de paz da ONU. O chefe das tropas da organização, Hervé Ladsous, não confirmou a ação rebelde, embora tenha dito que houve tiroteio entre os opositores e aliados de Assad.

Por outro lado, a emissora estatal síria Al Ikhbariyah afirmou que o Exército sírio faz operações nas colinas de Golã em busca de terroristas, forma como chamam os combatentes da oposição, e negou que eles tenham tomado conta da divisão com Israel.

CONTROLE

Nos últimos meses, os combates entre as tropas do regime sírio e milícias opositores se intensificaram na região próxima às colinas de Golã, que antes era controlada por Damasco. Em diversas ocasiões, foguetes e explosivos caíram do lado israelense da fronteira e foram respondidos pelo Estado judaico com tiros de alerta.

Embora Damasco não tenha relações com Israel, o cessar-fogo entre os dois países, vigente desde 1967, era respeitado por ambos os lados nos últimos anos. O início do conflito com rebeldes aumentou a preocupação do Estado judaico com o aumento da hostilidade dos sírios em Golã, assim como em outros países vizinhos.

Outro motivo de receio por parte do Estado judaico é a infiltração de radicais islâmicos nas milícias rebeldes, em especial a chamada Frente al Nusra, ligada à rede terrorista Al Qaeda. Nesta quinta, o líder da Al Qaeda, Ayman al-Zawahri, incentivou os opositores a se unir para derrubar Assad e ameaçar Israel.

Nos dois anos de confrontos na Síria, o Exército israelense interveio duas vezes no país, com bombardeios contra instalações militares do regime de Bashar al-Assad. Segundo funcionários israelenses, a intenção era destruir arsenais de armas que poderiam ser entregues ao grupo libanês Hizbullah, aliado de Damasco.


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