Folha de S. Paulo


Impasse entre regime e rebeldes adiam evento sobre conflito na Síria

Os Estados Unidos e a Rússia informaram nesta quarta-feira que foi adiada a conferência de paz para negociar a transição para o fim do conflito na Síria. Dentre os motivos que ainda impedem que o encontro aconteça, estão o impasse na representação da coalizão opositora e a presença do Irã no encontro.

A conferência foi proposta após acordo entre o secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em maio. A intenção era fazer um evento que contasse com a participação das potências e de grupos de países do Oriente Médio para tentar dar fim à crise síria.

Segundo o vice-chanceler russo, Gennady Gatilov, a oposição síria não decidiu sobre a participação no evento e também não determinou quem serão os representantes. Os rebeldes enfrentam um impasse para incluir novos membros, devido à resistência de grupos islâmicos à maior representação de correntes liberais.

O representante de Moscou também afirmou que ainda não há acordo entre os países participantes sobre o formato que terá o encontro. Outro ponto de discordância é em relação à presença do Irã, aliado de Assad, e da Arábia Saudita, que dá apoio aos rebeldes.

Teerã é rejeitado por países ocidentais, como França e Reino Unido, além de Turquia, Qatar e Arábia Saudita, que respaldam os rebeldes. Para os russos, chineses e o regime sírio, no entanto, os sauditas devem ficar de fora das negociações por fornecer armas aos opositores.

Por sua vez, o enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, disse que a principal divergência é no "componente sírio". Ele disse que é necessário que os dois lados reconheçam a necessidade de um processo de transição e a formação de um governo de coalizão.

Ele confirmou que representantes da organização, da Rússia e dos Estados Unidos. se reunirão no próximo dia 25 para tentar marcar uma nova data. "Esta conferência [internacional sobre a Síria] não pode ser realizada em junho, mas espero que aconteça em julho".

RETOMADA

Mais cedo, o regime sírio informou que continuará a luta contra os rebeldes, a quem chama de terroristas, após retomar o controle da cidade de Qusair, próxima à fronteira do Líbano. A região foi recuperada após três semanas de cerco de tropas de Damasco e militantes do grupo radical libanês Hizbullah.

Em comunicado divulgado pela agência de notícias Sana, o Exército sírio acusa países ocidentais e Israel de dar apoio aos rebeldes e desestabilizar o país. Mais cedo, o comando rebelde afirmou que pretende continuar as batalhas em outras frentes, embora tenham perdido o controle de Qusair.

Segundo a ONU, mais de 70 mil pessoas morreram em mais de dois anos de conflito na Síria. Grupos de direitos humanos, no entanto, dizem que o número de vítimas é próximo de 100 mil. Outros 5 milhões buscaram refúgio em regiões mais seguras, sendo que 1,5 milhão deles no exterior.


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