Folha de S. Paulo


ONU diz que diálogo sobre programa nuclear do Irã anda em círculos

A agência nuclear da ONU (Organização das Nações Unidas) disse nesta segunda-feira que foram feitos progressos no sentido de esclarecer as pretensões do programa nuclear iraniano e que as negociações com Teerã "andam em círculos" há algum tempo.

"Essa não é a maneira correta de lidar com questões de tão grande importância para a comunidade internacional, incluindo o Irã", disse Yukiya Amano, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Em comentários raramente duros, Amano deixou claro sua crescente preocupação com o Irã, que nega as acusações do Ocidente de que busca capacidade para construir bombas atômicas.

Segundo Amano, o Irã avança em suas atividades relacionadas à construção de um reator de pesquisa de água pesada e o número de centrífugas de enriquecimento e os estoques de urânio refinado estão aumentando.

"Essas atividades são uma clara contravenção da resolução adotada pelo conselho de governança (da AIEA) e do Conselho de Segurança das Nações Unidas", disse Amano, segundo uma cópia de seu discurso feito em uma reunião a portas fechadas.

O enriquecimento de urânio desenvolvido pelo Irã causa preocupação dos países ocidentais, como os Estados Unidos, e de Israel, que acreditam ser para fins militares. Teerã nega as acusações e diz que pretende usar o material radioativo para geração de energia e fins médicos.

Nos últimos quatro anos, o Irã negocia com as potências do grupo 5+1 --Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha-- um acordo sobre o programa nuclear. Os seis países desejam a suspensão ou o fim do enriquecimento de urânio, mas ainda não chegaram a um acordo.

As conversas diplomáticas geram críticas de Israel, que defende uma intervenção militar para dar fim ao programa nuclear iraniano. O Estado judaico acredita ser o alvo preferencial caso o Irã consiga ter uma bomba atômica.

Teerã nega as acusações. No entanto, os membros da cúpula política e religiosa da República Islâmica pregam a destruição de Israel e a negação do Holocausto, como o líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, e o presidente Mahmoud Ahmadinejad.


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