Folha de S. Paulo


Presidente do Irã toma susto de helicóptero a 12 dias da eleição

Um helicóptero que levava a bordo o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, teve de fazer um pouso de emergência numa região montanhosa ao norte do país, neste domingo. Ninguém ficou ferido, segundo a Presidência da república islâmica.

O incidente surge na reta final da campanha para a eleição presidencial de 14 de junho, na qual Ahmadinejad não pode concorrer por já ter cumprido dois mandatos consecutivos.

"O helicóptero levando o doutor Ahmadinejad e alguns membros do governo teve um acidente, mas o piloto conseguiu pousar a aeronave de forma segura", relatou o site o oficial president.ir. Não há detalhes sobre o que causou o pouso forçado nem sobre o local exato do incidente.

Segundo a agência de notícias Mehr, a comitiva presidencial se dirigia até um evento para inaugurar um túnel numa estrada que corta as montanhas Alborz, cujos picos mais altos superam 5.000 metros de altitude.

Apesar do ocorrido, Ahmadinejad chegou à inauguração, que foi exibida pela TV estatal. O governo informou que o presidente voltou de carro à capital, Teerã.

O transporte aéreo no Irã registra baixos níveis de segurança por causa das sanções internacionais impostas por violações de direitos humanos e pelo programa nuclear, que dificultam a compra de aeronaves e peças de reposição. Com as sanções, os iranianos só conseguem adquirir aviões, helicópteros e equipamentos de segunda mão junto a fornecedores dispostos a contornar os bloqueios comerciais.

JORNAL VETADO

Ainda neste domingo, um tribunal ordenou o fechamento por seis meses do jornal estatal "Iran", ligado a Ahmadinejad, sob pretexto de publicar falsas informações. A medida surge em meio a uma disputa de poder, que se arrasta há anos, entre o presidente e os aliados ultraconservadores do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, detentor da palavra final no regime.

Setores linha dura acusam Ahmadinejad e seu chefe de gabinete, Esfandiar Rahim Mashaee, de contestarem a autoridade de Khamenei e de promoverem uma agenda ideológica nacionalista persa em vez da doutrina islâmica xiita que norteia o Estado.

Especula-se que os inimigos do clã presidencial estejam por trás da decisão do órgão constitucional que avalia credenciais ideológicas de aspirantes a cargos eletivos no Irã de ter barrado a candidatura de Mashaee. Com seu chefe de gabinete vetado, Ahmadinejad, ainda popular nos meios rurais e de baixa renda, não tem nenhum aliado na disputa presidencial.

Foram aprovados oito candidatos, seis dos quais são conservadores e dois ligados à oposição reformista.


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