Folha de S. Paulo


México atrai investimento com êxito da economia

Cinco meses após assumir a Presidência do México, Enrique Peña Nieto já comemora algumas vitórias nos campos político e econômico, mas enfrenta batalhas duras na área social.

Os bons índices econômicos (leia ao lado) reforçaram o poder de atração de investimentos estrangeiros no país e fizeram com que a mídia internacional cunhasse o termo "tigre asteca" para designar seu desempenho.

O que mais tem dado vigor à economia mexicana é sua integração à indústria manufatureira norte-americana.

O comércio entre os dois países é de US$ 511 bilhões, cifra que coloca o fluxo em primeiro lugar no mundo, superando até mesmo a relação EUA-China.

Além disso, há o caráter de integração nessa troca. Cerca de 40% das exportações americanas ao México são de partes e componentes, e 80% das vendas mexicanas aos EUA são de manufaturados.

"Se compararmos com a produção compartilhada entre EUA e China, que é só de 4%, teremos a dimensão desse número. O comércio bilateral entre esses dois gigantes do norte tira o México da lista dos países emergentes", afirma o economista e articulista Jorge Castro.

A área mais pujante da produção tem sido o setor automotivo. O México já está em oitavo lugar no ranking mundial de fabricantes e produziu, em 2012, 13,8% a mais do que no ano anterior.

O país ainda está prestes a firmar um tratado de livre-comércio com a União Europeia, que facilitará a exportação de automóveis produzidos no México a mais de 20 países.

Em visita ao México no começo de maio, o presidente americano, Barack Obama, reforçou a importância dos acordos com o vizinho, dando sua aprovação a Enrique Peña Nieto, que vem sendo contestado internamente.

"Foi uma espécie de bênção do país mais poderoso do mundo, mas não significa que será fácil para o PRI [Partido Revolucionário Institucional, do presidente] governar do modo como está armado o Congresso", diz o professor da Unam (Universidade Nacional Autônoma do México) John Ackerman.

O tradicional PRI, que governou o país por mais de 70 anos e esteve afastado do poder nos últimos 12, devido à ascensão do PAN (Partido da Aliança Nacional), voltou ao comando nas eleições de julho passado.

ALIANÇAS

Apesar da vitória de Peña Nieto (38,8%), o PRI não obteve uma maioria contundente no Congresso, o que o obriga a fazer alianças.

Os primeiros resultados foram positivos. Peña Nieto lançou o Pacto pelo México e, por meio dele, conseguiu aprovar um conjunto de reformas econômicas e educacionais, enquanto prepara um pacote energético --que pode mudar o status da Pemex (Petróleos Mexicanos), privatizando parte da empresa, nos moldes da brasileira Petrobras.

Na área educacional/trabalhista, seu maior êxito foi destituir a líder do sindicato dos professores --o mais poderoso do país--, Elba Esther Gordillo, acusada de corrupção.

"Por outro lado, isso levantou trabalhadores do país todo, pois outros sindicatos, mais próximos ao PRI, têm acusações nessa linha e seus líderes estão garantidos em seus cargos", comenta o sociólogo e professor da Unam Roger Bartra.

O estudioso acrescenta: "Há uma trégua da oposição nesses primeiros seis meses. Estamos esperando para ver como reagem nos próximos meses. Se Peña Nieto conseguir manter o Pacto pelo México e as alianças com a oposição, poderá fazer um bom governo. Mas sua posição será sempre de negociação."


Endereço da página: