Folha de S. Paulo


Conservadores dividem favoritismo na eleição iraniana

Faltam duas semanas para a eleição que apontará o sucessor de Mahmoud Ahmadinejad na Presidência do Irã, e até agora nenhum candidato surge como favorito.

As apostas preveem vitória conservadora, já que seis dos oito concorrentes são alinhados ao líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, detentor da palavra final no governo teocrático islâmico implementado com a revolução de 1979.

O regime vetou dois candidatos favoritos: o popular ex-presidente centrista Ali Rafsanjani e um influente assessor de Ahmadinejad, Esfandiar Mashaee.

Entre os nomes aprovados pelo regime, três parecem ter maiores chances de vitória. Mesmo fieis à ideologia revolucionária, cada um tem perfil e agenda distintos para a Presidência --cargo que, embora submetido ao líder supremo, traz importantes prerrogativas na gestão do país.

Khamenei diz não ter um predileto, mas o regime parece jogar a favor do negociador nuclear Said Jalili, diplomata visto como maior defensor do ideal de 1979.

A campanha de Jalili foi a primeira a distribuir em larga escala panfletos, bandeiras e cartazes. A mídia estatal martela a imagem de um homem devoto e simples --ainda que sem carisma-- que dirige um carro popular.

Tal como Khamenei, Jalili prega hostilidade ao Ocidente e "resistência" às pressões contra o programa nuclear, apesar do estrago econômico das sanções internacionais. "Ele é o político mais puro e não busca dinheiro", disse a estudante Azadeh, 34.

Céticos lembram que a candidatura de Jalili segue os passos da primeira campanha de Ahmadinejad, em 2005. Ele também era pouco conhecido até duas semanas antes do voto e recebeu apoio de Khamenei em uma campanha com viés populista.

Mas a última pesquisa da agência de notícias Mehr dá somente 11,5% das intenções de voto para Jalili em Teerã.

Com 35,6%, o líder é o carismático prefeito da cidade, Mohamad Qalibaf, que se apoia na gestão eficiente numa cidade limpa, com abundantes áreas verdes e obras.

Ex-chefe da Guarda Revolucionária, Qalibaf tem imagem de fiel ao regime. Mas o estilo playboy e a defesa do pragmatismo diplomático para aliviar sanções geram desconfiança entre os radicais.

O prefeito também pode ter perdido apoio de parte do eleitorado liberal por falta de reformistas de peso na disputa, após o vazamento de um áudio no qual diz ter reprimido protestos estudantis.

O terceiro mais cotado é o ex-chanceler e médico Ali Akbar Velayati, assessor diplomático do líder supremo, que aparece com 8,3% das intenções. Apesar de ser um dos homens mais próximos de Khamenei, defende melhorar a relação com o Ocidente.

Especula-se que o início dos debates na TV, hoje, contribuirá para animar uma campanha apática.

Editoria de Arte/Editoria de Arte/Folhapress
VALE ESTA IRÃ NA ÓRBITA DO LÍDER SUPREMO

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