Folha de S. Paulo


Ditador da Síria diz que o país já recebeu primeiro lote de mísseis russos

Em meio às discussões sobre a transferência de armamentos à região, a Síria anunciou nesta quinta-feira (30) já ter recebido a primeira remessa de mísseis antiaéreos russos S-300.

A confirmação foi feita pelo ditador Bashar al-Assad em entrevista à TV "Al-Manar", controlada pelo grupo extremista libanês Hizbullah. Trechos foram divulgados na manhã de hoje. As imagens serão transmitidas às 15h (horário de Brasília) pelo canal e também pela televisão estatal síria.

De acordo com Assad, a Síria deve receber em breve mais mísseis russos, a despeito da pressão israelense para que a transação não fosse concluída.

Apesar de esses equipamentos não serem suficientes para modificar o jogo de poder na região, em que Israel possui o Exército mais bem armado, analistas apontam que os mísseis S-300 irão dificultar intervenções externas na Síria.

No início deste mês, fontes ligadas a governos ocidentais afirmaram que Israel havia bombardeado um local próximo a Damasco, impedindo a transferência de mísseis iranianos ao Hizbullah.

O anúncio de Assad ocorre na mesma semana em que a Rússia confirmou seus planos de manter a venda do arsenal. A União Europeia, por sua vez, encerrou seu embargo de transferência de armas à oposição síria.

Israel afirma estar investigando os relatos da entrega do carregamento de S-300 à Síria. Anteriormente, o país havia ameaçado impedir os mísseis de entrar em operação.

GENEBRA

Assad afirmou, ainda durante a entrevista, que seu regime irá participar das conferências internacionais em Genebra para encerrar o conflito na Síria. Hoje foi confirmada a data para o encontro, que deve ser realizado em 5 de junho com mediação americana e russa.

O grupo de oposição Coalizão Nacional Síria, porém, anunciou que não irá participar das conversas de paz enquanto "as milícias do Irã e do Hizbullah continuarem sua invasão [do país]".

A insurgência contra o ditador foi iniciada em março de 2011 e já deixou mais de 80 mil mortos, nas estimativas das Nações Unidas.

Recentemente, o conflito iniciou uma nova fase com a entrada de militantes xiitas do Hizbullah, enviados à cidade de Qusayr para auxiliar na ofensiva do regime contra as forças rebeldes.

A França estima que haja entre 3.000 e 4.000 guerreiros da organização extremista libanesa hoje na Síria. Na entrevista à "Al-Manar", do Hizbullah, Assad confirmou que "há grupos do Hizbullah nas áreas de fronteira, mas o Exército sírio está comandando e lutando a guerra".

Os países árabes do golfo --incluindo Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes-- devem discutir, no domingo, colocar o Hizbullah em uma lista de organizações terroristas.

Diogo Shiraiwa/Editoria de Arte/Folhapress

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