Folha de S. Paulo


Rebeldes sírios elogiam fim de embargo, mas dizem que veio tarde

As principais organizações rebeldes da Síria elogiaram nesta terça-feira o fim do embargo da União Europeia ao envio de armas à Síria e pediram que o armamento seja entregue o mais rápido possível. No entanto, eles consideraram que a medida chegou tarde.

O fim das restrições foi aprovado na segunda (27), após impasse entre Reino Unido e França, que defendiam a cessação do embargo, e a Áustria e países do norte da Europa. Desse modo, os países poderão fornecer armamento após 1º de agosto, data limite para negociações entre o regime e a oposição síria.

O porta-voz da Coalizão Nacional da Oposição Síria, Louay Safi, disse também temer que a medida seja insuficiente para enfrentar as tropas do ditador Bashar al-Assad. "Trata-se de um passo positivo, mas temos medo de que seja insuficiente e tenha chegado muito tarde".

O representante do Exército Livre Sírio, Qasem Saadedin, também queria que a decisão tivesse sido tomada há meses e disse esperar ser um passo "efetivo e sério". Ele ainda se comprometeu a mostrar em vídeos todas as armas recebidas dos europeus como prova de que não cairão nas mãos erradas.

"Precisamos de mísseis antiaéreos e antitanques. Quando acabar a guerra, nós devolveremos todas as armas que não usarmos", disse Saadedin, que disse ter uma lista completa de todas as brigadas da organização e suas respectivas armas.

Uma das maiores preocupações dos grupos que se opõem a entrega de armas aos rebeldes é que elas caiam nas mãos de grupos terroristas vinculados à insurgência. Dentre eles, a Frente al-Nusra, que se diz vinculada à rede terrorista Al Qaeda.

REAÇÕES

Após a decisão apertada, Reino Unido e França se manifestaram sobre a possibilidade de armar os rebeldes, embora não tenham tomado nenhuma decisão até o momento. Em entrevista, o ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, não descartou o envio do armamento aos opositores a Assad.

Hague ainda afirmou que poderá também abrir mão do limite de 1º de agosto, mesmo não tendo apoio de outros membros do bloco europeu. A Chancelaria francesa também defendeu o envio de armas antes do prazo, mas o porta-voz Philippe Lalliot disse que Paris ainda não tem planos para fazer isso.

O fim do embargo foi criticado mais cedo pelo vice-chanceler da Rússia, Sergei Rybakov. Ele considerou que a medida prejudica as negociações de paz e a conferência internacional organizada pelo país e os Estados Unidos.

"Isso é um reflexo dos dois pesos e duas medidas usados pelos países europeus e um dano direto às negociações de paz", afirmou.

Em resposta, o porta-voz do bloco, Michael Mann, lembrou que nenhum armamento deverá ser entregue antes de agosto. "Fazemos tudo o que for possível para apoiar a conferência. Sempre quisemos uma solução pacífica e política da crise síria".


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