Folha de S. Paulo


Foguetes atingem Beirute e ameaçam 'exportar' confronto sírio

Dois foguetes atingiram, neste domingo, uma loja de automóveis e um prédio residencial de Beirute que ficam em regiões da cidade tidas como bastiões do movimento xiita Hizbullah. Ninguém reivindicou a autoria desses ataques, mas eles são vistos como um novo avanço do confronto sírio rumo ao vizinho Líbano.

Os problemas sectários do Líbano espelham os da Síria, e o Hizbullah já prometeu lutar "até o fim" pela vitória do ditador Bashar al-Assad. O sírio integra a minoria alauita, que é uma facção do islã xiita, do qual faz parte o Hizbullah. Tanto os rebeldes sírios quanto a oposição libanesa são sunitas.

Na Síria, a luta por poder entre as tropas leais ao regime e os rebeldes teve início há mais de dois anos e já matou mais de 80 mil pessoas, segundo a ONU.

Os foguetes foram lançados apenas algumas horas depois de o chefe do Hizbullah Hassan Nasrallah ter feito um discurso de apoio a Assad. Quatro pessoas se feriram nas explosões.

Wael Hamzeh/Efe
Soldado libanês guarda área atingida por foguete neste domingo, em bairro xiita de Beirute
Soldado libanês guarda área atingida por foguete neste domingo, em bairro xiita de Beirute

Em Bagdá, também neste domingo, o chanceler sírio, Walid al-Moallem, confirmou pela primeira vez que o regime aceita, "em princípio", fazer parte da negociação de paz que ocorrerá no mês que vem, em Genebra (Suíça), com mediação da ONU, por iniciativa dos Estados Unidos e da Rússia. Deverão participar também representantes das diferentes facções rebeldes.

O sírio afirmou que a conferência é tida por Assad como uma boa oportunidade de debater a crise política no país. A data, a pauta e a lista de convidados para a conferência ainda não estão confirmadas, e, por isso, há de se esperar que o regime apresente condições para o envio de seus representantes.

Representantes de Washington e Moscou se reunirão em Paris nesta segunda-feira (27) para debater esses detalhes.

O principal assunto deve ser a renúncia de Assad, uma exigência dos países ocidentais. No começo deste mês, em uma entrevista ao espanhol "El Clarín", Assad afirmou que o seu futuro não será decidido em conferências internacionais, e sim pelo povo sírio, por meio de eleições.

BATALHA

Editoria de Arte/Folhapress

Desde a semana passada, as forças sírias apoiadas pelo Hizbullah e os rebeldes se enfrentam pelo controle da cidade síria de Qusair, que é considerada estratégica por sua posição geográfica, entre a capital Damasco e a costa mediterrânea, que é de maioria alauita. O local está em poder dos rebeldes.

Fonte ligada ao Hizbullah afirmou que as forças oficiais já tomaram 80% de Qusair.

Segundo uma fonte militar síria, o aeroporto está cercado, e os rebeldes que estão no local perderam contato com aqueles que se encontram no norte da cidade.

O Hizbullah admitiu a morte de 22 militantes nos confrontos deste sábado (25). Os rebeldes dizem que foram 45.


Endereço da página: