Folha de S. Paulo


Rússia diz que regime de Assad vai a encontro sobre crise na Síria

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia informou nesta sexta-feira que o regime de Bashar Assad terá representante na conferência proposta por Moscou e Washington para tentar dar fim aos mais de dois anos de conflito na Síria.

O encontro sobre a crise foi proposto em abril e ainda não tem data definida. A expectativa é de que aconteça em junho, com a participação dos países com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU --Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China-- e os representantes do governo e da oposição.

Em nota, o porta-voz da Chancelaria Russa, Alexander Lukashevich, criticou o que chamou de "tentativas de minar os esforços de paz", em referência à resolução aprovada na Assembleia-Geral da ONU contra o regime sírio e com elogios à oposição.

O diplomata russo destacou que o objetivo dessa conferência é "que os próprios sírios possam encontrar uma solução política para um conflito destrutivo para o país e para a região". No entanto, avalia que a resolução da ONU "essencialmente levou [a oposição] a rejeitar as negociações".

O anúncio não foi confirmado pelo regime sírio. Na quarta (22), o vice-chanceler sírio, Faisal al-Miqdad, disse que o governo sírio se manifestaria em breve sobre a participação no evento, após reuniões com a cúpula do regime em Damasco.

"Quero ressaltar que as autoridades da Síria sempre estarão no grupo que busca a regulação pacífica da crise síria. Infelizmente, tais esforços não são apoiados por aqueles que buscam a continuidade da violência e do derramamento de sangue na Síria", afirmou.

OPOSIÇÃO

Enquanto Moscou diz que o regime sírio participará da reunião, a principal coalizão opositora se divide sobre que condições colocará para ir ao evento. Alguns líderes defendem a participação sem restrições no encontro, mas outros estipulam como princípio o compromisso com a saída de Assad.

Outra divisão ainda é em relação à proposta de transição, mesmo com todos concordando com a retirada do ditador. A proposta inicial, feita pelo ex-premiê do grupo, Moaz Alkhatib, contempla a entrega do poder para o atual primeiro-ministro e o exílio a 500 membros da cúpula do regime.

No entanto, alguns integrantes discordam desta versão e querem que no novo governo não exista qualquer vestígio do antigo regime. Essa proposta poderia criar mais instabilidade política, já que retiraria a influência da minoria alauita, a que pertence Assad, aumentando o risco de conflito sectário.

A saída de todos os integrantes do regime também é defendida pelos países que apoiam a oposição, o grupo chamado Amigos da Síria. Os aliados dos rebeldes ainda pediram na quarta (22) a saída dos combatentes do Hizbollah e do Irã, que a oposição acusa de apoiar Assad.

Nesta sexta, o Irã negou que tenha enviado soldados. Em nota, a Chancelaria da República Islâmica diz que as acusações são feitas "por verdadeiros inimigos da Síria que querem provocar a população do país".


Endereço da página: