Folha de S. Paulo


Barrado em eleição, ex-presidente diz que cúpula do Irã é ignorante

Dois dias após ser barrado pela comissão eleitoral de concorrer à Presidência do Irã, o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, 78, acusou a cúpula do país de de incompetência e ignorância. Para ele, o impedimento foi uma resposta à popularidade de sua campanha.

A entrevista não foi comentada pela assessoria oficial do candidato. Os termos usados são considerados fortes para Rafsanjani, que é encarado como um centrista que defende a supremacia dos clérigos.

Devido a seu discurso mais moderado, atraiu setores reformistas, cujos líderes acusaram o atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad, de fraude no pleito de 2009.

Em reportagem publicada pelo site oposicionista Kaleme nesta quinta-feira, Rafsanjani disse a seus aliados que não se rebaixaria à campanha de ataques promovida por seus adversários. "Eu não quero rebaixar-me à propaganda deles, mas a ignorância é preocupante. Será que eles não entendem o que estão fazendo?"

O ex-presidente disse não ter notado uma comoção em torno de sua candidatura, mas disse que há sinais da insatisfação da população iraniana. Ele, no entanto, pediu calma a seus aliados. "Não devemos perder as esperanças. Haverá um dia em que eles virão [os defensores da reforma no Irã]".

Os comentários de Rafsanjani se somam ao conflito político entre os aliados aos grupos de liderança e a oposição, que foi marginalizada desde a agitação pós-eleitoral em 2009.

"Acho que o país não poderia ter sido pior governado, mesmo se houvesse planejamento com antecedência", disse Rafsanjani aos membros de sua equipe de campanha na quarta-feira, de acordo com reportagem do Kaleme.

Na terça (21), a comissão eleitoral, formada por clérigos e juristas islâmicos, considerou que Rafsanjani não pode participar da eleição. Dos 686 inscritos para a eleição, apenas oito foram aprovados. Analistas dizem que Rafsanjani foi desqualificado porque sua campanha se tornou muito popular e uma ameaça aos líderes.

O mesmo aconteceu com o candidato de Mahmoud Ahmadinejad, o ex-chefe de gabinete Esfandiar Rahim Mashaee, que disse que pretende recorrer ao líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, da decisão.


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